Sustentabilidade foi o termo mais exaltado na abertura da 47ª edição da Fimec. O evento, que teve início nesta terça-feira (12), ocorre nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, e vai até a próxima quinta-feira (14). São esperados cerca de 20 mil visitantes durante os três dias.
Com o tema "Inovação, tecnologia e impacto positivo no mundo", a Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec), maior do setor na América Latina, busca projetar a indústria coureiro-calçadista com uma pegada cada vez mais sustentável e atenta às demandas do mercado e do planeta.
— O foco em sustentabilidade já não é mais uma opção, é obrigatório, para todas as indústrias, incluindo a nossa. É o grande mote da feira nesse ano — destaca Márcio Jung, diretor-presidente da Fenac, promotora da feira.
Para esta edição, a Fimec firmou uma parceria com a Ambiente Verde, de Igrejinha. A empresa realiza o reaproveitamento de resíduos da indústria calçadista, os transformando em insumos e produtos para novo aproveitamento. Fruto dessa colaboração, a feira apresenta neste ano um espaço inédito, logo na entrada, onde os visitantes podem conhecer iniciativas sustentáveis que já estão sendo implementadas pelas indústrias do setor.
— Os produtos que apresentamos aqui na Fimec são palmilhas, embalagens e contrafortes, por exemplo, utilizados na indústria calçadista, ou mesmo os materiais de marketing e de exposição, dos estandes, que são produzidos a partir destes resíduos, e que, após o uso hoje, voltam para o ciclo para novo aproveitamento futuro — afirma Leonardo Trento, desenvolvedor de negócios da Ambiente Verde.
Márcio Jung enfatiza também que 90% da sinalização visual da Fimec e lixeiras que estarão presentes na feira são de materiais sustentáveis, e foram produzidas a partir desse processo liderado pela Ambiente Verde.
Inovações a serviço da sustentabilidade
Grande parte das inovações tecnológicas apresentadas na feira também são direcionadas às crescentes demandas por sustentabilidade. Gerson Berwanger, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), destaca que produtos e processos sustentáveis já são diferenciais competitivos para as empresas do segmento.
— Precisamos nos diferenciar pela sustentabilidade para competir com outros mercados, como o asiático, e as inovações tecnológicas contribuem pra isso. Com foco em sustentabilidade e certificações atestando sua origem, e seu processo de produção, os produtos das nossas empresas passam a ser mais valorizados — afirma Berwanger.
A FCC, empresa fundada em Campo Bom que é uma das principais fornecedoras de componentes para o setor calçadista no Brasil, apresentou na Fimec uma nova versão de solado para calçados oriundo de fontes renováveis, que não agridem o meio ambiente, sem derivados do petróleo. Conforme Marcelo Garcia, diretor de negócios da FCC, a empresa investiu cerca de R$ 15 milhões somente em produtos desenvolvidos a partir de fontes renováveis.
Outra tradicional empresa gaúcha que tem apostado nas inovações tecnológicas em sustentabilidade como diferencial competitivo é a Artecola. Na feira, a companhia apresentou um contraforte, utilizado na estrutura dos calçados, produzido a partir de biomassa, outra fonte renovável. A empresa indica ainda que seu percentual da receita líquida obtido a partir de produtos sustentáveis em 2023 chegou a 84%.
Parte do Grupo Killing, a Kisafix, uma das líderes no país em adesivos para calçados, apresentou na Fimec sua nova linha Ecotech. A linha contempla iniciativas e produtos, como os adesivos, que contribuem para a redução do impacto gerado no processo de fabricação.
— Além dos benefícios ambientais, o mercado tem exigido cada vez mais esse posicionamento das empresas, e os próprios consumidores querem se alinhar a marcas com um viés cada vez mais sustentável — aponta Guilherme Medaglia, gerente de marketing da Kisafix.
Internacionalização da feira
A Fimec 2024 terá cerca de 400 expositores no total. Destes, 80 empresas são estrangeiras, vindas de países como China, Taiwan, Japão, Argentina, Itália, França, Alemanha, Inglaterra e Peru.
Uma destas empresas estrangeiras é a Fujian Kingmin Machinery, fundada em Taiwan e atualmente na China. Produtora de maquinários para indústrias calçadistas, esta é a primeira vez que a empresa participa da Fimec.
— Essa feira é muito relevante para o setor, e poder mostrar nossos produtos aqui é muito importante. O Brasil, além de ser o maior país da América do Sul, e ter uma grande população, é um grande produtor histórico de calçados, com muita expertise no setor. Com nossa presença aqui, esperamos atrair mais clientes e divulgar nossa marca — projeta Ke Yuan Yuan, gerente de produção da empresa, que veio da China para participar da feira.
Além dos expositores, a organização da Fimec espera receber visitantes de pelo menos 40 países, o que seria um recorde na história da feira.
— Durante a Fimec, Novo Hamburgo se torna definitivamente a capital mundial do setor calçadista. Essa presença internacional é muito importante, tanto para reforçar a importância da nossa indústria, quanto para abrir e reforçar mercados compradores — ressalta Márcio Jung.