Pontos da Região Sul estão sem energia elétrica desde a tempestade que atingiu o Estado na quinta-feira (21). Já são seis dias de falta de luz e as perdas na atividade rural são cada vez maiores. No arroz, produtores relatam prejuízos de centenas de milhares de reais. A região é atendida pela CEEE Equatorial.
De acordo com o diretor jurídico da Federarroz, federação que representa os arrozeiros no Rio Grande do Sul, Anderson Belloli, a energia é essencial para o processo de cultura, colheita e armazenamento do arroz. Ele classifica a situação como uma “tragédia”.
— A energia é essencial para o abastecimento de água nas lavouras. Os produtores precisam puxar a água e para isso são necessários equipamentos que usam energia. Além disso, para quem já está colhendo, é necessário secar o arroz com equipamentos elétricos, para que ele seja armazenado adequadamente. Os grãos que já estão nos silos também precisam de atenção, o que não está acontecendo — explica.
A Federarroz não tem previsão do impacto deste período sem energia elétrica na produção.
— O que se perde dentro de um silos pode representar pouco na totalidade da produção do Estado, mas pode representar a vida de um agricultor — lamenta Belloli.
Na Granja 4 Irmãos, no Taim, em Rio Grande, são três dias sem possibilidade de colher arroz. Leandro Flores relata que foi necessária a locação de um gerador e o encaminhamento de grãos para armazéns de terceiros. A previsão é de R$ 400 mil em prejuízos.
Na Agropecuária Proteção, também em Rio Grande, a energia voltou na noite de segunda-feira, mas voltou a cair na manhã desta terça. Sulimar Farias relata que também precisou locar um gerador para a colheita.
— Um técnico avaliou a nossa produção pela manhã e realmente acabamos perdendo o arroz. Teremos em torno de R$ 300 mil em prejuízos — desabafa a produtora Laura Bretanha, da MPB Agroindústria, de Jaguarão.
Além das perdas na produção, os trabalhadores do campo sofrem com a falta de energia nas residências. Não há luz para armazenar alimentos, tomar banho e até para o abastecimento de água em algumas localidades.
Zona urbana
A zona urbana segue com problemas no fornecimento de energia elétrica. Em Rio Grande, o problema é percebido principalmente nos bairros Bolaxa, Hidráulica, Cassino e Senandes. Há ocorrências também em Cerrito, Arroio Grande, Pelotas e Turuçu.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul fixou multa diária de R$ 500 mil à CEEE Equatorial devido à persistência da falta de energia elétrica em Rio Grande. A ação civil pública foi ajuizada pelo Ministério Público, na última sexta-feira (22), um dia após a região ser atingida pela tempestade.
GZH entrou em contato com a CEEE Equatorial em busca de um posicionamento sobre a ação do MP, mas não obteve retorno até esta publicação. A companhia também não retornou sobre o número de clientes que seguem afetados pela falta de energia na Região Sul.