Em evento realizado em Brasília, os ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres apresentaram nesta segunda-feira (25) o primeiro Relatório Nacional de Transparência Salarial. Conforme o levantamento, mulheres ganham 22,4% a menos que os homens no Rio Grande do Sul. O índice é maior que o nacional (19,4%).
O levantamento foi feito com 49.587 estabelecimentos com cem ou mais empregados no país — 3.055 do RS — e considera dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2022. No Estado, a média salarial é de R$ 4.449,22. Homens recebem R$ 4.926,80, enquanto mulheres recebem R$ 3.821,30.
Os dados também consideram diferenças pela cor da pele. Nos estabelecimentos gaúchos pesquisados, homens não negros recebem, em média, R$ 5.118,36, enquanto, entre homens negros, a média é de R$ 3.903,38. As mulheres não negras recebem R$ 3.958,78. O grupo com menor remuneração média no Estado é o das mulheres negras: R$ 2.951,72.
O Rio Grande do Sul ocupa a penúltima colocação em políticas de incentivo à contratação de mulheres, com presença desse tipo de medida em apenas 25,9% dos estabelecimentos mapeados. Nesse ranking, quem se saiu melhor foi o Estado de Rondônia, com 40,3%. O pior resultado foi o do Mato Grosso, com 25,6%.
Sobre planos de cargos e salários ou planos de carreira, o RS é a quarta pior unidade da Federação no ranking, com 44,5% das empresas oferecendo este tipo de sistema. O melhor Estado nesse recorte é o Maranhão, com 63,7%, e o pior é o Ceará, com 42,2%.
Em políticas de incentivo à contratação de mulheres negras, o Estado gaúcho é o quinto pior, com apenas 20,1% dos estabelecimentos mapeados tendo este tipo de prática. Nesse ranking, Rondônia foi novamente o melhor colocado, com 34,4%, enquanto a Paraíba foi o pior, com 18,5%.
Já em políticas de incentivo à contratação de mulheres vítimas de violência, o RS é o sétimo pior, com 4,5% das empresas atendendo ao requisito. O melhor Estado nesse recorte é o Amapá, com 15,6%, e o pior é a Bahia, com 3,7%.
Números nacionais
No contexto nacional, os dados apontam que as mulheres ganham 19,4% a menos que os homens no Brasil, sendo que a diferença varia de acordo com o grande grupo ocupacional. Em cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a diferença de remuneração chega a 25,2%.
No recorte por raça/cor, as mulheres negras, além de estarem em menor número no mercado de trabalho (2.987.559 vínculos, 16,9% do total), são as que têm renda mais desigual. Enquanto a remuneração média da mulher negra é de R$ 3.040,89, correspondendo a 68% da média, a dos homens não-negros é de R$ 5.718,40 — 27,9% superior à média. Elas ganham 66,7% da remuneração das mulheres não negras.
O balanço foi realizado a partir das informações enviadas pelas empresas ao MTE sobre igualdade salarial e critérios remuneratórios entre mulheres e homens que exercem trabalho de igual valor ou atuam na mesma função, conforme determina a Lei de Igualdade Salarial. Até 31 de março, as empresas com mais de cem funcionários deverão publicar relatórios próprios sobre o tema.