O setor automotivo brasileiro deverá receber cerca de R$ 100 bilhões em investimentos nos próximos anos. O número, apresentado por representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ao vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, foi divulgado nesta quarta-feira (7) no programa Bom Dia, Ministro, veiculado pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Alckmin se reuniu na terça-feira (6) com o presidente da Anfavea, Márcio de Lima. Durante o encontro, o dirigente disse que o total a ser investido na indústria automotiva brasileira será maior do que os R$ 41,2 bilhões anunciados na semana anterior.
— Na reunião que tive com representantes da Anfavea, foi anunciada a expectativa de um total de R$ 100 bilhões nos próximos anos, provavelmente até 2028 ou 2029. Tanto em veículos leves como pesados, como ônibus e caminhões. Tanto em motores à combustão como etanol, total flex, híbridos e elétricos — disse Alckmin.
Segundo o ministro, “será um investimento recorde”, que resultará na construção de, pelo menos, quatro fábricas.
— Já temos fábrica de ônibus elétrico. Teremos também duas fábricas de carros elétricos. São duas montadoras. A BYD (empresa chinesa que assumiu o complexo industrial que pertenceu à Ford) em Camaçari (na Bahia), e a GWM (Great Wall Motors, também chinesa), em São Paulo. Mas outras virão — acrescentou.
O ministro lembrou que o setor automotivo tem, entre suas vantagens, a de estimular uma cadeia longa de produtos que favorecem desde as indústrias do aço e de vidro, até de pneus e autopeças, “gerando muito emprego e agregando muito valor”.
— Isso será facilitado pela retomada da economia — ressaltou.
Esses investimentos são estimulados por iniciativas como a do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que ampliou as exigências de sustentabilidade para a frota automotiva nacional, de forma a viabilizar a descarbonização dos veículos por meio de incentivos fiscais.
— Duas boas notícias vão aumentar a venda da indústria automotiva. A primeira é a queda da Selic (taxa básica de juros), que deve se manter. A outra é o Marco de Garantia, aprovado pelo Congresso Nacional. Ou seja, se uma empresa vende um carro e a pessoa não paga, agora com o Marco de Garantia pode-se pegar o carro de volta — argumentou Alckmin.
Reoneração gradual
Na entrevista, Alckmin reiterou as justificativas do governo para a reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores da economia. Segundo ele, a preocupação do governo é com a responsabilidade fiscal, visando a meta de déficit primário zero.
— Há um tripé importante para economia: juros, câmbio e imposto. A reforma tributária trouxe eficiência econômica para o país. O câmbio, a R$ 5, está bom para a exportação. Precisamos ainda baixar os juros, que já estão caindo 0,5 ponto percentual ao mês. A preocupação do (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad, de não fazer déficit, está, portanto, correta. Eram 17 setores, mas incluíram os municípios. Então dobrou o custo de R$ 9 bilhões para R$ 18 bilhões. É uma questão de constitucionalidade. Para abrir mão de R$ 9 bilhões, tem de informar o que será cortado ou que imposto será aumentado. A preocupação é fiscal e jurídica — explicou.
O ministro disse acreditar que tudo se resolverá com diálogo, e que as negociações voltarão após o Carnaval.
— Nossa expectativa é de diálogo, e nisso o presidente Lula é mestre — finalizou.