A fábrica RDois Injetados, com unidades em Taquara e Igrejinha, no Vale do Paranhana, e que presta serviços para empresas do setor calçadista, demitiu mais de 100 funcionários nesta semana. Os 125 desligamentos ocorreram entre a última terça-feira (19) e quarta-feira (20).
As demissões foram atribuídas ao "crescimento acelerado da empresa, que necessitou de grandes investimentos", juntamente com uma significativa retração do mercado em 2023. Isso resultou em grandes prejuízos e dificuldades financeiras para a empresa. Segundo nota da RDois, as paralisações coletivas na indústria calçadista e a redução na capacidade de faturamento dos pedidos em carteira causaram um desequilíbrio significativo no fluxo de caixa, levando à necessidade de reajustar a capacidade operacional de acordo com a atual realidade do mercado.
Entre os funcionários demitidos está Estéfani Munhoz Barbosa, ex-operadora de inspeção de qualidade, que trabalhou no local por um ano e quatro meses. Ela expressa sua preocupação com as demissões em massa.
— Estamos sem um real no bolso. E querem parcelar os nossos acertos em 10 vezes e vales e décimo terceiro em três parcelas. Estamos com medo de ficar sem dinheiro no mês de dezembro para pagar as contas. Não trabalhamos parcelado — desabafa.
Atualmente, a empresa conta com 600 funcionários. A reportagem tenta contato com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e Vestuário de Taquara e Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha, para obter posicionamento sobre o assunto.
Nota oficial da RDois Injetados:
Devido a recentes notícias divulgadas sobre a RDois injetados nos últimos dias, entendemos que é importante a companhia se posicionar para preservar o atual plano de retomada do crescimento da empresa e dos atuais postos de trabalho.
A RDois injetados é uma empresa referência em injetados de calçados de EVA, com relevância internacional e com crescimento de mais de 3 vezes o faturamento entre 2020 e 2022. O crescimento acelerado da empresa necessitou de grandes investimentos em capital de giro, maquinário e estrutura e, em conjunto com uma grande retração do mercado em 2023, a empresa passou por grandes prejuízos e dificuldades de caixa. Desde o início do ano, a empresa manteve e honrou os pagamentos das centenas de colaboradores em que emprega.
No final de 2023, devido as paradas coletivas da indústria calçadista, maiores dispêndios de caixa com pessoal e, consequente, menor capacidade de faturamento dos pedidos em carteira, a empresa teve um maior desencaixe de fluxo de caixa. Buscando preservar o maior número de colaboradores possível, a empresa está readequando sua capacidade com a realidade atual do mercado.
Neste momento difícil, a empresa está tratando junto ao sindicato dos trabalhadores do pagamento dos colaboradores desligados e tratando com todos parceiros, fornecedores e entidades financeiras de forma pessoal e administrativa.
Com o início do ano, quantidade de pedidos em carteira e retomada dos faturamentos, temos a expectativa do realinhamento do fluxo de caixa. Pedimos a compreensão e apoio dos nossos parceiros e da sociedade para que uma possível extrapolação dos fatos ou ruídos de comunicação não afetem nosso plano de retomada que temos desenhado para 2024.