Agência de fomento ligada ao governo do Rio Grande do Sul, o Badesul está ampliando sua estrutura interna. Entre as ações implementadas, estão o aumento do número de diretorias, a nomeação de novos servidores e a criação de um comitê específico para a área de inovação. Boa parte das alterações depende da mudança no estatuto, prestes a ser homologada.
No novo desenho, o número de diretorias da agência crescerá de três para sete. Além das seis existentes antes do período de enxugamento, foi criada uma diretoria cujo titular é eleito por funcionários.
Também foram chamados 39 servidores aprovados em concurso. Com isso, o Badesul ficará com cerca de 150 pessoas no quadro, número semelhante ao de agências de fomento de outros estados como Bahia, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Para fazer frente ao aumento de despesas, o Badesul deixará de repassar dividendos ao caixa único do governo estadual. Atualmente, o Palácio Piratini fica com 6% do lucro líquido - em 2022, o montante chegou a R$ 1,8 milhão.
— O que estamos fazendo é voltando à estrutura anterior à crise, na qual se faz a segregação de funções dentro do um princípio de governança e regras colocadas pelo Banco Central, além de aportar gente, pois o Badesul perdeu muitas pessoas nos PDVs (planos de demissão voluntária) — explica o presidente da entidade, Cláudio Gastal.
Outra novidade prevista é a criação de um comitê direcionado à área de inovação, um dos focos da gestão de Gastal. Formado por especialistas que não fazem parte dos quadros do Badesul, o órgão terá a função de assessorar o conselho de administração na definição de estratégias para os próximos anos.
Em paralelo, o banco está fechando um acordo com o Tecnopuc para o desenvolvimento de seu planejamento estratégico.
Gastal ressalta que, como a reforma tributária que deve ser aprovada pelo Congresso Nacional restringe a concessão de incentivos fiscais, a forma de atração de empresas pelos Estados será a concessão de crédito.
— Além disso temos o Drex, nova moeda eletrônica do Banco Central, e isso afeta a estrutura do Badesul, com a tendência de mudar os modelos de crédito. Criamos esse comitê para trazer esses especialistas para pensar fora da caixa e alimentar a estratégia do Badesul.
O conjunto de mudanças marca a superação da crise da agência. Em 2016, o Badesul chegou a ser descredenciado pelo BNDES, sua principal fonte de recursos para financiamento, e sofreu calotes de R$ 157 milhões de empréstimos. Após fechar dois anos no vermelho, o banco colocou em prática um plano de contingência com corte de diretorias, restrições nas operações financeiras e planos de demissão voluntária (PDVs).
A alteração no estatuto do Badesul já foi aprovada pelo Comitê de Governança Corporativa das Estatais (CGCE) e revisada pela Procuradoria-Geral do Estado. Para entrar em vigor, resta apenas aprovação na assembleia geral, que deve ocorrer nos próximos dias.