Indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, o atual secretário-executivo do Ministério da Fazenda, afirmou na terça-feira (9) que pretende ser um facilitador da condução das políticas monetária e fiscal, fazendo a articulação entre o BC e a Fazenda.
Segundo Galípolo, a boa relação com a diretoria da autoridade monetária, em especial com o presidente, Roberto Campos Neto, facilitaria a tarefa.
— A minha missão no Banco Central é de ser facilitador de convergência entre o BC e a Fazenda — afirmou o número 2 da Fazenda à CNN.
Galípolo se esquivou de fazer comentários sobre a condução da política monetária, ainda mais com sua indicação para a autoridade monetária pendente da avaliação da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
— Seria pouco adequado dar algum tipo de pitaco — disse.
Na mesma conversa, Galípolo negou que a discussão sobre alterar a meta de inflação levantada pelo governo tenha tido alguma vez objetivo "casuístico" de influenciar a taxa básica de juros, hoje em 13,75% e alvo de reclamações constantes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus auxiliares.
— Em nenhum momento foi colocado de maneira casuística, para tentar ver como poderia ser feito algum tipo de alteração, para ter objetivo específico na taxa de juros. É uma discussão que é contínua — ressaltou.
De acordo com Galípolo, o debate envolve a Fazenda, o BC e o Ministério do Planejamento, e trata de avaliação sobre a literatura e as melhores práticas internacionais para uma atualização do arcabouço de política monetária no Brasil.
O número 2 da Fazenda disse que essa discussão envolve os parâmetros que estão sendo observados fora do país e o nível de indexação da economia brasileira.
— O Banco Central tem técnicos muito bem qualificados, que fazem essa discussão de forma profunda e contínua, olhando as melhores práticas ao redor do globo — acrescentou.
Reação
O bom desempenho das commodities e as apostas em flexibilização da política monetária apoiaram o Ibovespa, que subiu pelo quarto dia seguido na terça-feira. O índice terminou o dia em 107.113,66 (+1,01%), descolado das Bolsas de Nova York e na maior cotação de fechamento desde 23 de fevereiro. O dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 0,48%, cotado a R$ 4,9875, devolvendo parte da alta de 1,37% no pregão de segunda-feira (8).
No entanto, as taxas dos contratos de juros futuros avançaram na terça puxadas pelo tom da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio e pelas declarações de Galípolo. Na comparação com o ajuste de segunda-feira, o contrato de DI para janeiro de 2024 avançou de 13,207% para 13,240%, mesmo movimento visto nos vencimentos para janeiro de 2025 (11,665% para 11,795%), 2027 (11,550% para 11,655%) e 2029 (11,951% para 12,050%).