Fazia dias que o mercado especulava sobre a indicação de Gabriel Galípolo para a diretoria de Política Monetária do Banco Central (BC), o que foi confirmado há pouco pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Como disse Haddad, o objetivo da indicação de seu "vice" no ministério, além de Ailton Aquino dos Santos, um funcionário de carreira, para a diretoria de Fiscalização não é "formar bancada". Isso só reforça a outra parte da especulação, de que Galípolo entra agora para ser o substituto do atual presidente, Roberto Campos Neto, ao final de seu mandato, em dezembro de 2024.
É uma das poucas explicações para o fato de Haddad ter, de certa forma, "aberto mão" de Galípolo, o segundo na hierarquia. O mais importante, nesse caso, nem é a posição de segundo no comando, mas sua participação estratégica na condução dos debates com o mercado e até na formulação das políticas do Ministério da Fazenda. Até 2021, o auxiliar presidia o banco Fator.
É verdade que a mudança definitiva de vai demorar algumas semanas, porque o nome dele e o de Aquino - que será o primeiro negro a compor a diretoria do BC - têm de ser aprovados pelo Senado. Quando desembarcarem nos cargos, e portanto no Comitê de Política Monetária (Copom), é possível que o corte do juro básico tenha enfim entrado no horizonte do colegiado, independentemente de sua composição.
Mas a indicação também é um sinal do quanto o tema da redução no custo do crédito é crucial - não apenas uma desculpa do presidente Lula para o baixo crescimento. Galípolo tem a rara condição de ser elogiado inclusive por ex-integrantes do governo Bolsonaro, como a coluna já ouviu. Na Fazenda, tem sido o esteio de Haddad, especialmente na comunicação de temas complexos, tanto para o mercado quanto para os cidadãos.
Atualização: a bolsa de valores, que já havia aberto em alta, manteve o ritmo depois do anúncio de Haddad, em claro sinal de que o nome de Galípolo não estressa o mercado. O Ibovespa inclusive atingiu a máxima do dia depois do anúncio. Já no início da tarde, a bolsa sobe quase 1%, mas o dólar também sobe, quase na mesma proporção.