Os preços na região metropolitana de Porto Alegre voltaram a cair no mês de agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, ficou em –0,9%, acentuando a queda de 0,59% que havia sido registrada no mês anterior.
O dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta sexta-feira (9).
No acumulado do ano, o IPCA tem alta de 2,31% na Região Metropolitana. Em 12 meses, o indicador agora está em 6,95%. No país, agosto foi o segundo mês consecutivo de deflação, com queda de 0,36% no índice.
Dentre os nove grupos avaliados pelo IPCA, quatro apresentaram deflação na Grande Porto Alegre: alimentação e bebidas (-0,61%), habitação (-0,62%), transportes (-4,56%) e comunicação (-0,5%).
Assim como já havia acontecido em julho, a retração no índice foi observada principalmente pela influência dos transportes, após queda nos preços dos quatro combustíveis pesquisados pelo IBGE (gasolina, etanol, diesel e GNV), explica o gerente do levantamento, Pedro Kislanov. Na Grande Porto Alegre, a gasolina teve retração de 12,45% no mês, e o diesel, de 3,96%.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), lembra que um efeito novo contribuiu para manter a queda nos combustíveis: além da redução do ICMS aplicado sobre o setor, houve redução nos preços dos combustíveis nas refinarias.
— Foram duas coisas que se misturaram. O ICMS mais barato, que de fato fez a gasolina cair, mas de maneira mais concentrada em julho, e as revisões para baixo que a Petrobras promoveu no preço da gasolina em função do comportamento do preço do petróleo — diz Braz.
Outra queda importante sinalizada pelo IPCA mostra arrefecimento nos alimentos, que vêm pesando fortemente no orçamento das famílias. Entre os principais itens pesquisados no grupo de alimentação e bebidas, o preço do leite longa vida recuou 9%, enquanto o tomate ficou em -8,63%. Carnes e pão francês ainda mostram altas, de 0,24% e 0,74%, respectivamente.
Para o economista da FGV Ibre, os recuos estão relacionados a um fator de sazonalidade. O inverno tende a piorar as condições de pastagem e a alimentação dos animais, o que reflete em alteração de preço dos produtos finais e derivados que chegam ao consumidor. A tendência com a entrada na primavera, portanto, é de que a queda em alguns alimentos se torne mais acentuada.