Depois de concluir as primeiras conversões de lojas BIG, em São Paulo – uma das etapas da negociação que movimentou o varejo nacional e envolve R$ 7,5 bilhões em recursos para a fusão –, o Carrefour deu a largada para o início da incorporação dos pontos de venda da rede adquirida em território gaúcho. Com 150 mil funcionários (cerca de 10% deles, ou 14,6 mil colaboradores, no RS), a varejista francesa é, agora, a maior empregadora do setor privado no Brasil. Para isso, conta com um ponto estratégico, já existente no Estado, para centralizar o processamento de toda a folha de pagamentos no país e servir de retaguarda nas operações administrativas de um grupo ainda mais robusto e presente para os consumidores do Rio Grande do Sul.
Trata-se do Centro de Serviços Compartilhados (CSC), criado pelo BIG na Avenida Sertório, em Porto Alegre. A estrutura possui 400 funcionários atualmente, e deverá ser ampliada pela nova gestão do Carrefour para contemplar todas as chamadas operações de backoffice (retaguarda). Significa que por aqui passarão, além da folha de pagamentos, notas fiscais, contabilidade, tesouraria, faturamento e tributos, entre outras atividade financeiras.
Em Porto Alegre, para um evento de lideranças realizado nesta segunda-feira (19), o CEO do Carrefour no Brasil, Stéphane Maquaire, considerou o CSC um “presente” do BIG. Segundo ele, a estrutura está alinhada com uma tendência de descentralização das áreas operacionais das empresas multinacionais, que, em alguns casos, optam por fazê-lo em seus próprios países de origem.
— No caso do novo Carrefour Brasil, será concentrado em Porto Alegre. Esse momento é decisivo para a nossa reestruturação — declarou.
A ideia, explica Maquaire, é que o espaço, que também reúne ferramentas de automatização e redução de burocracia, funcione de maneira estratégica para atingir parte das “sinergias necessárias” no processo de integração com o BIG. Por isso, já nos próximos meses, o objetivo é fortalecer a central, inclusive com novas contratações.
— Vamos realmente aproveitar o CSC e trazer todo o Carrefour Brasil para cá, agregando novas tarefas. É um serviço de tecnologia e de organização de sistemas que permite otimizar o setor administrativo — resume.
Presença
Além de aumentar a sua relevância administrativa no Carrefour, o Rio Grande do Sul passará a contar, até 2023, com 118 unidades com alguma das bandeiras do Grupo, além de 14,6 mil funcionários de imediato. Antes da fusão, eram apenas 19 unidades, com 4,8 mil colaboradores gaúchos.
Isso porque, até 2023 – de acordo com os prazos definidos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para avalizar a aquisição, que deixa o grupo com mil pontos de venda e uma base de 60 milhões de clientes (45 milhões do Carrefour e 15 milhões do BIG) –, as atuais 13 unidades do Atacadão e as seis do Carrefour Hiper serão acrescidas de 45 lojas do Nacional, 23 do BIG Hipermercados, duas do Sam's Club, 13 do Maxxi Atacado, 13 do Todo Dia e outras três operações em postos de gasolina, drogarias, supply, transporte e centro de distribuição.
Segundo Maquaire, em Porto Alegre, os dois Hipermercados BIG, já fechados, serão convertidos em Atacadão, assim como o que ocorrerá com a bandeira Maxxi. Essa transição demanda a troca de modelo do varejo para o atacarejo. Os demais hipermercados passarão a funcionar como Carrefour, em uma alteração considerada mais “suave”. As marcas Nacional e Sam’s Club serão mantidas.
Empregos
Alguns modelos, antecipa ele, implicam no aumento do quadro de funcionários. É o caso dos Atacadões, que demandam número maior de colaboradores. Sem projetar quantas vagas poderão ser abertas por aqui, o CEO do Carrefour comenta que, antes, é necessário entender bem os novos formatos que chegam na esteira da incorporação do BIG, bem como o maior apelo aos produtos regionais, presente em bandeiras como o Nacional.
— O Nacional é uma marca muito forte, e temos todo cuidado para não perder essa força. São adequações em andamento, para depois otimizá-las, mas, já na integração haverá necessidade de contratações. E no Sul, especialmente, o RS ganha relevância porque antes do BIG estávamos muito bem posicionados no Sudeste e, agora, estamos também no Sul e no Nordeste — afirma.
Para se ter uma ideia do potencial para a geração de empregos, em São Paulo, durante o processo de conversão das bandeiras Maxxi para Atacadão, a média de incremento em postos de trabalho ficou em 10%.
O novo Carrefour no RS: principais números
Antes da fusão com Grupo BIG
- 13 unidades do Atacadão
- 6 unidades do Carrefour Hiper
- 4.820 colaboradores
Após a fusão com Grupo BIG
- 13 unidades do Atacadão
- 6 unidades do Carrefour Hiper
- 45 unidades do Nacional
- 23 unidades do BIG Hipermercados
- 2 unidades do Sam's Club
- 13 unidades do Maxxi Atacado
- 13 unidades do Todo Dia
- 3 operações em postos de gasolina, drogarias, supply, transporte e centro de distribuição.
- 14.613 colaboradores