O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), aumentou a taxa de juro básico do país nesta quarta-feira (3). A Selic ganhou acréscimo de 0,50 ponto percentual, saltando de 13,25% para 13,75% ao ano com a decisão do colegiado.
Esse é o 12º aumento consecutivo na taxa, que atinge o maior patamar desde o fim de 2016. Já é o ciclo de aperto monetário mais longo da história do Copom, para tentar debelar uma inflação alta, disseminada e persistente. A Selic subiu 11,75 pontos porcentuais desde a mínima histórica de 2,0%, o maior choque de juros desde 1999.
No comunicado, o BC afirmou que “o ambiente externo mantém-se adverso e volátil” e que a “inflação ao consumidor continua elevada”. O comitê disse ainda que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião” – ou seja, de 0,25 ponto porcentual. A próxima decisão será no dia 21 de setembro.
A decisão desta quarta-feira, 3, era plenamente esperada pelo mercado financeiro, já que o BC afirmou, após subir a Selic em 0,50pp no Copom de junho, que antevia um novo ajuste de igual ou menor magnitude para a reunião deste mês.
Desde então, a ininterrupta deterioração das expectativas de inflação para 2023, os dados econômicos mais fortes e as ofensivas do governo ao teto de gastos (regra que atrela o crescimento das despesas à inflação) em ano eleitoral fizeram as apostas convergirem para 0,50pp.
Apesar das recentes medidas tomadas pelo governo terem reduzido o peso de combustíveis e da energia elétrica na inflação deste ano, com prováveis deflações no IPCA em julho e agosto, as projeções para 2023 seguem em alta. Como leva tempo para que os efeitos da política monetária sejam sentidos na economia, a nova alta de juros mira a inflação do próximo ano.
Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Na semana passada, porém, o mercado estimou que a meta será novamente superada no próximo ano, com a inflação atingindo 5,33%.
O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.
Por outro lado, a Selic em patamar mais elevado também reforça a atratividade dos investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures (títulos de empresas). Isso ocorre porque a taxa é referência para aplicações financeiras nesse modelo.