Porta aberta ou fechada para novas elevações? Essa era a grande dúvida de economistas e empresários sobre o comunicado em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na decisão que confirmou a alta da Selic de 13,25% para 13,75%.
Na reunião passada, havia a mesma dúvida e o BC não só deixou a porta escancarada como colocou essa nova dose lá dentro. Desta vez, foi um pouco mais sutil, mas também deu sinal de nova alta de 0,25 ponto percentual em 21 de setembro, e ainda advertiu para o risco fiscal.
Por isso, se a decisão no ajuste da Selic foi a esperada, o tom do comunicado surpreendeu o mercado. No comunicado, avisa que "avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião". Antes, observa que "diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista".
Avisou ainda que "irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas". Também fez a advertência que está na boca de nove entre 10 economistas: "O Comitê pondera que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário".
A pressão para que o BC desse por encerrado o tal "ciclo de alta", que levou o juro básico de 2% para 13,75% em apenas 17 meses. A coluna recebeu ao menos duas notas de entidades empresariais com apelo ao Copom para que fechasse a porta: a da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que argumentou que o Brasil saiu na frente na escalada dos juros e entrou em seu maior ciclo em duas décadas após a adoção do regime de meta de inflação.
Outra foi da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), que acrescentou ao argumento da antecipação do Brasil o que que os juros mais elevados têm impactos defasados sobre a economia, ou seja, demoram para fazer efeito. A elevação, portanto, terá efeito sobre a atividade por diversos meses à frente.