A maioria dos economistas esperava que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixasse "a porta aberta" para uma nova alta do juro.
Mas se a decisão sobre a taxa Selic veio dentro do esperado, de 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 13,25%, o aviso para a frente surpreendeu alguns: "Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude".
Depois da elevação de 0,75 ponto percentual nos Estados Unidos, a coluna já imaginava que a porta não ficaria aberta, mas escancarada. Mas o BC foi além. Endureceu muito a conversa: "O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas."
O comunicado ainda voltou a apontar risco fiscal, como esperavam economistas diante das incertezas abertas com a aprovação do teto de ICMS, que supostamente terá compensação por parte da União. No comunicado, o BC aponta dois riscos de alta: maior persistência das pressões inflacionárias globais e "a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e políticas fiscais que impliquem sustentação da demanda agregada, parcialmente incorporadas nas expectativas de inflação e nos preços de ativos".