A mesma região onde desde 2014 há torres de energia eólica paralisadas deverá receber cata-ventos novos em folha no parque a ser instalado a partir do início do segundo semestre na zona rural de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste.
A CGT Eletrosul informa que o empreendimento de R$ 2,1 bilhões já tem licença de instalação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), que permite a realização de obras, e está com três grandes licitações abertas para execução de obras civis, implantação de linhas de transmissão, além da construção de duas novas subestações e ampliação de uma já existente.
Em fevereiro, segundo a empresa pública, já foram assinados os contratos com a WEG para fornecer 72 aerogeradores fabricados no Brasil, incluindo serviços de logística, montagem, operação e manutenção. A previsão é de que o complexo comece a operar até o final de 2024.
A presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum, observa que o valor estimado para a construção do novo parque gaúcho equivale a cerca de 7,5% de todo o recurso previsto para ampliar a geração desse tipo de energia no país em um ano.
— É um valor relevante, principalmente em nível regional. O país está em um momento de crescimento muito forte na geração eólica. O acréscimo foi de 3,8 gigawatts no ano passado e deverá chegar a quatro gigawatts em 2022 — afirma Elbia.
A prefeitura de Santana do Livramento avalia que os novos investimentos em energia eólica terão impacto significativo no município. Segundo a Secretária da Fazenda do município, Gisela Alvarez, espera-se um salto na arrecadação de ICMS.
— Aguardamos por esse investimento de Coxilha Negra, um dos maiores na história da cidade, com uma avaliação de que poderia até dobrar nosso retorno de ICMS, que hoje gira ao redor de R$ 65 milhões ao ano, quando a operação estiver a pleno — diz Gisela.
A Eletrosul não se manifestou sobre estimativas de geração de impostos. A empresa prevê a criação de 310 empregos diretos e 150 indiretos. O complexo terá 302 megawatts de potência instalada, o equivalente ao consumo de uma região com 1,7 milhão de habitantes. É mais do que o suficiente para atender Porto Alegre, por exemplo.
A empresa pública já é proprietária exclusiva de seis parques eólicos na Fronteira Oeste (fora os cinco que estão em processo de venda) com 69 aerogeradores e 138 megawatts de potência.