O programa Gaúcha Atualidade da Rádio Gaúcha debateu durante o quadro Mais Vozes, nesta terça-feira (21), o aumento do preço dos combustíveis e o impacto no setor de transportes.
O reajuste foi anunciado na última sexta-feira (17) pela Petrobras. O aumento no valor da gasolina é de 5,2%, enquanto no preço do diesel chega a 14,2%, deixando o valor mais caro que o da gasolina em alguns postos de Porto Alegre.
No Mais Vozes, foram ouvidos: o presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do RS (Fecam RS), André Costa; o presidente da Federação das Empresas de Logística e de Transporte de Cargas do RS (Fetransul), Afrânio Kieling; a presidente da Associação do Transporte Escolar de Porto Alegre, Kátia Henriques; e a presidente do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do Estado do RS, Carina Trindade.
O presidente da Fecam RS, André Costa destaca que os caminhoneiros "amadureceram" desde a última paralisação geral em 2018 e que não há risco de paralisação por parte da categoria, que aguarda para ver os demais desdobramentos do reajuste no diesel. Contudo, ele afirma que, devido ao aumento dos combustíveis e outras questões da cadeia de transportes, está sendo avaliado um reajuste de 40% no valor geral dos fretes para que o transportador autônomo possa seguir o trabalho. Ele comenta ainda sobre a redução do tráfego de veículos de médio a grande porte nas rodovias nos últimos 120 dias, mas afirma que isso se deve também ao fato de ter questões de quebra de safra e redução da demanda de frete além do preço dos combustíveis.
O presidente da Fetransul, Afrânio Kieling afirma o aumento dos combustíveis vem "sempre na veia" e que o a defasagem do setor de transportes é muito alta, ficando acima de 30%. Ele destaca que os novos contratos de transportes deste ano já vêm com "gatilhos" que são disparados quando ocorre um aumento no diesel. Essa prática está sendo feita para poder dar tempo de acompanhar os reajustes dos combustíveis. Afrânio afirma ainda que o problema enfrentado no Brasil também repercute na Europa e nos Estados Unidos.
Para Carina Flores, a alta do diesel está gerando revolta entre os motoristas por aplicativo, apesar de cerca de 60% da frota usar gasolina. Ela destaca que as tarifas estão defasadas em 50% e que os motoristas recebem cerca de R$ 0,95 por quilômetro rodado. Além disso, Carina destaca que os cancelamentos de corridas podem voltar a acontecer com mais frequência, uma vez que muitas corridas podem não se pagar.
Por fim, o Mais Vozes ouviu a presidente da Associação do Transporte Escolar de Porto Alegre, Kátia Henriques. Segundo ela, o setor do transporte escolar está enfrentando muitas dificuldades, uma vez que o segmento ficou praticamente parado nos últimos dois anos por conta da pandemia. Conforme Kátia, alguns motoristas estão declarando falência e perdendo seus veículos para bancos por conta das dificuldades. Kátia destaca que ,como os contratos de transporte são feitos em esquemas anuais, fica complicado de repassar os valores dos reajustes dos combustíveis ao longo dos meses.