No Gaúcha +, da Rádio Gaúcha, desta quarta-feira (15), o quadro Mais Vozes abriu espaço para debate sobre a inclusão da educação financeira nas escolas do Rio Grande do Sul. O programa ouviu as deputadas estaduais Any Ortiz (Cidadania) e Luciano Genro (PSOL), a economista da Fecomércio Patrícia Palermo, a economista do Dieese Lúcia Garcia, o professor da Escola de Negócios da PUCRS Inácio Recena e o presidente em exercício do Cpers, Alex Saratt.
Proposto pela deputada estadual Any Ortiz, o projeto de lei (PL) 231/2015 foi aprovado na Assembleia Legislativa no dia 7 de junho com 34 votos favoráveis e seis contrários. O texto prevê a inclusão do tema educação financeira nas propostas pedagógicas das escolas de Ensino Fundamental e Médio do Rio Grande do Sul. Foi aprovada, ainda, uma emenda da Comissão de Constituição e Justiça que coloca o projeto como facultativo.
A autora do PL, Any Ortiz, afirma que a educação financeira é tão importante quanto outros conteúdos disponibilizados em sala de aula e que "liberta, cria independência, senso crítico e controle emocional". De acordo com a deputada, esse ensino prepara para o empreendedorismo, o consumo consciente, o mercado de trabalho e para lidar com o dinheiro, tanto em âmbito pessoal quanto para ter senso crítico com as finanças públicas.
Contrária ao PL, Luciana Genro argumenta que o currículo escolar deve ser debatido por entidades da classe, e não pela Assembleia. A deputada do PSOL questiona o contexto de apresentação do projeto, apontando o sucateamento das escolas, falta de professores e mudanças trazidas com o novo currículo do Ensino Médio, e afirma que a educação financeira por si só não soluciona o superendividamento.
Já a economista da Fecomércio Patrícia Palermo diz que vê "com bons olhos" a proposta de educação financeira nas escolas, pois entende que é nas famílias de menor renda que o controle orçamentário se faz mais necessário. De acordo com ela, a clareza sobre o tema melhoraria a formação de poupança ao longo da vida e proporcionaria melhor entendimento da dinâmica de dívidas.
Lúcia Garcia, economista do Dieese, acredita que a educação financeira é importante para todos, particularmente para os jovens que têm suas primeiras experiências profissionais, mas questiona como fazer a introdução da matéria no currículo escolar. De acordo com ela, essa introdução é um desafio, e o PL é uma oportunidade de envolvimento da comunidade escolar para que se possa ter uma matéria de interesse global.
O professor da Escola de Negócios da PUCRS Inácio Recena afirma que há um "problema evidente" sobre competência financeira e que a educação na área trará melhores escolhas de consumo e tentará reduzir o endividamento da população, tendo uma capacidade de poupança maior. Recena ainda defende que seria possível o relacionamento da educação financeira com a disciplina de matemática.
Alex Saratt, que falou ao Mais Vozes como presidente em exercício do Cpers, declarou que, primeiramente, deve ser o cumprido o que a legislação educacional prevê e que é preciso valorizar o currículo formal, de formação "universal, politécnica e humanista", para que se possa oferecer o que o estudante precisa para vida profissional e atividade cidadã. Saratt também relembra as recentes mudanças na área, a exemplo do Novo Ensino Médio.