Em um dos últimos eventos da 35ª edição do Fórum da Liberdade, o cientista político Luiz Felipe D'Ávila e o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro discutiram os caminhos políticos para o futuro do Brasil. D'Ávila é o pré-candidato à Presidência da República pelo Partido Novo, enquanto Moro suspendeu a pré-candidatura ao trocar o Podemos pelo União Brasil no final da janela partidária.
Em seus pronunciamentos, ambos se colocaram como defensores das liberdades e contra o populismo. Primeiro a falar, o pré-candidato do Novo apresentou as linhas gerais de sua proposta para o país, calcada na abertura econômica, redução da emissão de carbono e digitalização do governo.
— Temos de obrigar a sociedade civil e a iniciativa privada a pressionar o Congresso para aprovar as reformas necessárias — sustentou.
Em sua intervenção, Moro disse que o país precisa de um governo moderado, de agenda reformista. Na questão ambiental, afirmou que o Brasil precisa reduzir o desmatamento e deve se apresentar ao mundo como uma potência, afastando o rótulo de "vilão":
— Precisamos reinserir o Brasil na cadeia produtiva global. Se nos fecharmos ao mundo, os prejudicados seremos nos mesmos.
O ex-juiz foi aplaudido ao criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto, afirmando que ambos representam projetos "iliberais":
— Me desculpe quem pensa o contrário, mas nem Lula nem Bolsonaro têm plenas credenciais democráticas.
Ao longo do painel, ambos também falaram sobre a liberdade de expressão e concordaram que o país só voltará a crescer de forma sustentável com responsabilidade fiscal. Moro arrancou risos da plateia ao dizer que Lula "espalha por aí" que ele seria "um agente da CIA e um lacaio do imperialismo a serviço do Tio Sam", em referência à atuação na Operação Lava-Jato.
D'Avila ponderou ainda que o Brasil prosperará apenas com a do investimento privado:
— Essa tese nacional-desenvolvimentista de Lula e Ciro (Gomes, PDT) é a receita do fracasso.
Na abertura do evento, o presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), Gabriel Torres, afirmou que o país precisa retomar a agenda reformista e combater os privilégios e a corrupção.
Discursando a uma plateia formada essencialmente por liberais, Sergio Moro e Felipe D'Ávila foram aplaudidos em todas as suas intervenções, mas não conseguiram prender a atenção dos participantes. O evento começou com quase todas as cadeiras ocupadas no Centro de Eventos da PUCRS, mas o público foi rareando durante o painel. Ao final, quase um terço estavam vazias.
O painel com D'Ávila e Moro substituiu o tradicional debate entre presidenciáveis realizado em anos eleitorais anteriores pelo Fórum. Neste ano, foram convidados Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), João Doria (PSDB), Jair Bolsonaro (PL) e Simone Tebet (MDB), que optaram por não comparecer.
Protesto
Minutos antes do início do horário marcado para o início do painel, alguns manifestantes de esquerda protestaram na entrada do evento. Eles exibiram cartazes com críticas a Moro, contra o "projeto neoliberal" e a favor do "poder popular". Entoaram gritos contra o fascismo e contra o ex-juiz.
— Juiz, ladrão, porrada é a solução — gritaram.
O protesto durou pouco e foi abafado pelos participantes do Fórum, que entoaram cânticos contra o ex-presidente Lula.
—Lula, ladrão, seu lugar é na prisão—responderam.
Apesar do confronto verbal, não foram registradas agressões físicas e os manifestantes deixaram o local pacificamente.