O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira (21) a proposta de pagar o valor médio de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil, programa de transferência de renda que deve substituir o Bolsa Família. Em cerimônia de inauguração de obra do Projeto de Integração do Rio São Francisco, no interior da Paraíba, o presidente negou que o pagamento do benefício signifique irresponsabilidade fiscal, embora não tenha dado explicações sobre como o governo realizará os pagamentos sem romper o teto de gastos da União.
— Ninguém está furando o teto, não — afirmou, contrariando declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Na quarta (20), Guedes admitiu a necessidade de uma "licença para gastar" pelo menos R$ 30 bilhões acima do teto para bancar o benefício, o que provocou forte reação do mercado, com alta do dólar e queda na Bolsa.
Ao comentar sobre o novo programa social, Bolsonaro citou que o auxílio emergencial está perto do fim e disse se preocupar com o fato de o valor médio do Bolsa Família ser de R$ 192.
— Muita gente ganha o tíquete de R$ 40, R$ 50, R$ 60. Decidimos passar para o mínimo de R$ 400, tudo isso com responsabilidade — afirmou. — Até hoje nos acusam de insensibilidade, mas nós gastamos com o auxílio emergencial do ano passado o equivalente a 13 anos do Bolsa Família.
O presidente admitiu que o país passa por um momento difícil na economia, mas afirmou que, em comparação com o resto do mundo, o Brasil é o que menos sofre no "pós-pandemia". Este suposto bom desempenho, segundo ele, se deve à resistência dele à adoção de lockdown e de medidas restritivas.
— Talvez eu tenha sido o único chefe do mundo que assumiu uma posição. Não fiquei do lado mais cômodo, mais fácil, apoiando lockdown e deixando a economia para depois — afirmou.
Bolsonaro também rebateu críticas sobre os efeitos da inflação, colocando na conta dos governadores o aumento dos preços dos combustíveis e alimentos.
— Desde quando assumi meu governo, o valor nominal do imposto federal tem se mantido inalterado. Sei do preço dos combustíveis, do gás, dos alimentos. O pessoal reclama com razão, mas, por favor, veja quem está metendo a mão no seu bolso, se é o governo federal ou estadual — disse.