O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a solução fiscal encontrada para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400 não altera os fundamentos fiscais da economia brasileira, que são sólidos. Segundo ele, a mudança da regra do teto de gastos, incluída na PEC dos precatórios, é tecnicamente defensável, embora acusem de ser politicamente oportunista.
— Nós perdemos com a alta da inflação R$ 30 a R$ 40 bilhões por falta de sincronicidade da regra. Perdemos R$ 30 a R$ 40 bilhões que eram nossos. Fazendo atualização, não é despesa adicional, não. Gasta um pouco mais agora e menos no ano seguinte — disse.
Segundo Guedes, não há antítese entre liberalismo e amparo social e foi preferido um ajuste fiscal menos intenso e "um abraço" no social mais longo:
— As finanças não foram abaladas. Não estou preocupado se foi extrateto ou levantamento do teto.
Guedes ainda disse que a PEC dos precatórios não é eleitoreira, uma vez que cria uma trajetória com previsibilidade dos gastos que venham do setor judiciário, evitando o "meteoro" descoberto este ano para o pagamentos dessas despesas no ano que vem.
— Toda trajetória futura (dos precatórios) está equacionada — afirmou.
O ministro também disse que foi mal interpretado quando falou em "licença para gastar um pouco mais" para bancar o aumento do Bolsa Família de R$ 400 já que a reforma do Imposto de Renda não andou no Senado, o que seria a solução técnica adequada, segundo ele.
— Poderia ser feito nas regras atuais apenas dizendo que preciso de licença de R$ 30 bilhões. A economia brasileira é forte o suficiente para segurar isso. Eu seguro isso, posso tirar oito ou sete em fiscal. Ninguém fez o que fizemos, nenhum governo saiu gastando menos do que entrou — completou.
Comportamento natural
Mesmo após o presidente Jair Bolsonaro deixar o Ministério da Economia após o pronunciamento ao lado de Guedes nesta sexta-feira (22), o ministro continuou a defender o acerto político para se chegar a um Auxílio Brasil de R$ 400 em 2022. Ele lembrou que a arrecadação federal tem batido recordes sucessivos a cada mês, o que tornaria natural a busca de mais recursos para programas do governo.
— É natural que política queira furar o teto e gastar mais. Quero assegurar que estamos de olho nesses limites. O auxílio de R$ 400 não é uma falta de compromisso, é coisa muito ponderada. A ala política estava pedindo muito mais, estava pedindo R$ 600 — argumentou Guedes.
Mais uma vez, o ministro salientou que o governo Bolsonaro é um governo popular, e não populista.
— Se o presidente fosse populista, teria pedido R$ 600 para o auxílio. O presidente sempre me apoiou nas horas decisivas e agora pediu um apoio — finalizou.