Com o ministro da Economia, Paulo Guedes, isolado dentro e fora da pasta depois da terceira debandada de auxiliares, já se especulava sobre nomes de substitutos. O auge foi logo depois do meio-dia, quando a bolsa caía 4% e o dólar subia para R$ 5,751.
Mas a chegada e Jair Bolsonaro ao prédio do ministério, na Esplanada, baixou o estresse do mercado, e agora a bolsa cai "apenas" 1,6%, e o dólar sobe "só" para R$ 5,674.
A reunião fora de agenda foi arranjada às pressas, especialmente depois que uma eventual queda de Guedes começou a circular em meios de comunicação. A justificativa oficial é uma conversa sobre a substituição dos postos-chave do Ministério da Economia que debandaram na noite de quinta-feira (21). Na prática, é uma tentativa de mostrar que Guedes, de fato, fica, como havia dito Bolsonaro quase ao mesmo tempo da debandada:
— Paulo Guedes continua no governo, e o governo segue com a política de reformas. Defendemos as reformas, que estão andando no Congresso Nacional, esse é o objetivo — disse Bolsonaro à CNN.
O episódio tem duas consequências. A primeira, é que, apesar de todo o desgaste, o nome de Guedes à frente do ministério ainda faz diferença, ao menos no mercado financeiro. A segunda é que Bolsonaro pode parar de dizer que nada pode fazer para segurar a inflação. Só com essa ida ao Ministério da Economia, baixou o dólar de R$ 5,75 para R$ 5,67. Imagina se perseverasse em um comportamento mais responsável. Poderia baixar, e muito, a inflação.
Ah, qual era a especulação sobre substitutos? Diante da improbabilidade de levar alguém do mercado ao governo, as soluções seriam "caseiras": o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que se tornou um fiel escudeiro de Bolsonaro, ou o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, o primeiro que ousou desafiar os poderes do "superministro" e virou seu inimigo público número 1.