Inconformados com o decreto do governo do Estado que proibiu a realização de eventos, pelo menos, até a metade do mês, representantes do setor marcaram uma manifestação para esta sexta-feira (4), em frente ao Palácio Piratini, a partir das 11h (haverá novo protesto às 14h). O grupo reivindica que o governador Eduardo Leite volte atrás na decisão, liberando festas e eventos públicos e privados.
— Em outubro, fizemos quatro eventos-teste para provar que é viável fazer eventos com distanciamento, janelas abertas, tapetes sanitizantes. Compramos o equipamento para atender conforme o combinado, e, de repente, fomos impedidos. Estamos com profissionais passando por situações muito difíceis — diz a presidente da Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos (Agepes), Cláudia Fattori de Matos.
Segundo a presidente da entidade, que conta com cerca de 80 empresas associadas, a suspensão dos eventos agravou os problemas do segmento que, com a crise imposta pela pandemia do coronavírus, teve de renegociar contratos para não perder o investimento feito pelos clientes que já haviam pago por eventos. Com o novo decreto, as atividades previstas para ocorrerem a partir da flexibilização terão de passar por novos adiamentos, o que afeta também os trabalhadores contratados como freelancers, que recebem por trabalho realizado.
O governo anunciou as medidas mais restritivas no último dia 30, depois do aumento expressivo no número de internações por covid-19, como forma de tentar conter a disseminação do coronavírus no Estado. Além de proibir a realização de eventos públicos e privados, o novo decreto suspendeu temporariamente a cogestão — mecanismo que permite que as regiões do Estado decidam por conta própria adotar restrições mais leves do que as determinadas pelo Palácio Piratini.
Em nota, o governo do Estado disse que os protocolos para o setor são mais rígidos “em virtude do comportamento social natural e esperado nessas oportunidades, como circulação intensa, aglomeração, consumo de alimentos e bebidas (e consequente retirada da máscara), conversa intensa com menor distanciamento, por período mais prolongado”. O Piratini destaca, ainda, que “estudos de diferentes universidades internacionais sugerem os riscos mais elevados de atividades nesse cenário”.
O governo também informou que “está atento à situação do setor, bem como às experiências e recomendações nacionais e internacionais, de maneira a ponderar da melhor forma a adoção de protocolos que permitam equilibrar proteção à vida e à atividade econômica”. Apesar disso, segundo o Executivo, não há um plano específico de auxílio para os trabalhadores da área, uma das mais afetadas pela pandemia de coronavírus.
Após a divulgação das medidas, empresários ligados ao setor de eventos foram às redes sociais criticar a decisão do governo. Um deles foi Marcos Paulo Magalhães, representante das casas noturnas do Rio Grande do Sul. Em um vídeo postado no Instagram, ele classificou o decreto como “ditatorial” e convocou as pessoas a irem às ruas.
— O RS é o Estado que mais restringiu atividades nos últimos nove meses, e a gente está tão mal ou pior do que outros que não restringiram tanto. A gente está no verão. É inimaginável pensar que as pessoas vão ficar em casa — disse o empresário, que falou com GZH por telefone e reivindica, ainda, o retorno da cogestão, para que cada município possa decidir como proceder em relação aos eventos.
Além da suspensão das festas e eventos de fim de ano, o governo proibiu atividades em locais fechados (teatros, cinemas, casas de shows), eventos sociais (como casamentos, festas, formaturas, aniversários) e o uso de áreas comuns em condomínios e clubes (brinquedos, salões de festas, piscinas, churrasqueiras compartilhadas, quadras). Em reuniões privadas e familiares, o limite máximo é de até 10 pessoas, não incluindo crianças de até 14 anos.