Anunciada como finalista à condição de sede da versão sul-americana do Web Summit a partir de 2022, Porto Alegre conta com a articulação entre poder público, iniciativa privada e a academia para desbancar o Rio de Janeiro e atrair um dos maiores eventos de empreendedorismo, inovação e tecnologia do mundo.
Há um ano, governo do Estado, prefeitura, empresas e universidades mantêm contatos com os organizadores da conferência e montaram uma espécie de força-tarefa para defender a escolha da capital gaúcha.
Palco de discussões sobre tendências e com a participação de lideranças das principais empresas globais de tecnologia, o Web Summit ocorre anualmente em Lisboa, Portugal. E foi justamente na edição de 2019 que surgiu o desejo de Porto Alegre receber a edição da América do Sul, que começava a ser idealizada, lembra o secretário estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão, Claudio Gastal.
Desde então, em diferentes contatos com os organizadores, foram destacados como diferenciais, entre outros aspectos, a localização da cidade dentro no Mercosul e o ecossistema tecnológico existente hoje no Rio Grande do Sul, composto por 21 universidades, 15 parques e 24 incubadoras.
— Temos o ambiente propício para essa nova economia. Também conseguimos mostrar que há um envolvimento da sociedade gaúcha e dos diferentes atores da inovação para atrair o evento, o que deixou eles bastante satisfeitos — acredita Gastal.
O evento demandará um espaço de 22 mil metros quadrados. A proposta de Porto Alegre é de que a iniciativa seja realizada nas proximidades da orla do Guaíba, utilizando o entorno do estádio Beira-Rio. Neste sentido, seriam montadas estruturas temporárias e há possibilidade de utilização do Gigantinho para acomodar as atrações. Se ganhar a disputa contra o Rio de Janeiro, a capital gaúcha será palco do Web Summit por, pelo menos, quatro edições a partir de 2022.
Ainda não há definição de quando ocorrerá o anúncio da sede do Web Summit sul-americano, mas a expectativa de Gastal é de que, até o final do ano, haja definição. Nas etapas anteriores, Porto Alegre deixou para trás cidades como São Paulo, Florianópolis e Fortaleza.
Impacto
Entre as lideranças locais que acompanham de perto as negociações há otimismo em um desfecho positivo. Gestora de operações e empreendedorismo do Tecnopuc, Flavia Fiorin ressalta que o ambiente de empreendedorismo e inovação no Estado, uma das regiões que mais gera startups e forma profissionais na área de tecnologia, é ponto forte de Porto Alegre.
Por outro lado, o Rio de Janeiro tem maior apelo turístico e é uma cidade mais conhecida entre europeus e norte-americanos, dois públicos com participação massiva na conferência.
— Para nós, o Web Summit não é só um evento, seria um braço da estratégia de desenvolvimento do nosso ecossistema — defende Flavia.
Empresa nascida em Porto Alegre e com foco em soluções digitais para negócios, a 4all é uma das principais articuladoras da iniciativa privada junto ao poder público e universidades para captar o evento para Porto Alegre. Executivo comercial e de desenvolvimento de negócios da companhia, Thiago Ribeiro enfatiza que a vinda do Web Summit colocaria a cidade em um novo patamar no mapa global da inovação.
— Isso significaria novas empresas, novos talentos e um ambiente de negócios mais interessante — projeta Ribeiro.
O dirigente lembra que a vinda do Web Summit seria um marco para cidade, como foram o Fórum Social Mundial, a Copa do Mundo e a Copa América.