Depois de a pandemia provocar destruição no mercado de trabalho, o Rio Grande do Sul teve novo alívio na criação de empregos com carteira assinada. Em setembro, o Estado gerou 15.760 vagas formais. Trata-se do terceiro mês em sequência com desempenho positivo.
Divulgado nesta quinta-feira (29), o saldo decorre da diferença entre 85.172 contratações e 69.412 demissões. É o melhor resultado para meses de setembro desde o início da série histórica, com estatísticas a partir de 1992. Os dados integram o Caged, o cadastro de empregos formais do Ministério da Economia.
Apesar do desempenho positivo no mês passado, os gaúchos seguem no vermelho em 2020. No acumulado do ano, o Rio Grande do Sul perdeu 74.445 vagas, número superior à população de um município como Santa Rosa (73,6 mil habitantes), no noroeste do Estado. O quadro reflete os estragos do coronavírus, que paralisou atividades de empresas.
Economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank entende que há movimento de "devolução das perdas" geradas pela crise:
— Os resultados expressivos se devem, em parte, a uma base de comparação fraca. No ano, seguimos deficitários. Esse é o primeiro ponto. Também dá para perceber que o número de desligamentos segue baixo. Aí entra a importância de programas do governo para manutenção de empregos.
Indústria puxa criação
Dos cinco setores pesquisados pelo Ministério da Economia, quatro tiveram desempenho positivo em setembro no Estado. O maior resultado foi da indústria, que gerou 7.453 vagas com carteira assinada. Em seguida, aparecem comércio (4.591), serviços (2.345) e construção (1.527). A agropecuária pegou a contramão, com perda de 156 postos.
Professor da Unisinos, Marcos Lélis ressalta que, graças à retomada das atividades, empresas passaram a recontratar funcionários. Contudo, o economista lembra que a pandemia causou "corte profundo" de vagas no início da crise.
Assim, mesmo com os avanços nos últimos meses, o Rio Grande do Sul deve registrar desempenho negativo no acumulado de 2020. Ou seja, o cenário é de reação, e incertezas seguem no horizonte.
— A capacidade de produção da economia diminuiu com a crise — frisa Lélis.
Recorde no Brasil
Em setembro, o desempenho gaúcho pegou carona no embalo nacional. No período, o país abriu 313.564 empregos formais. Trata-se do terceiro avanço consecutivo e do maior saldo para o mês desde o começo da série histórica.
Apesar do alívio, o resultado ainda é insuficiente para reparar todas as perdas. No acumulado de 2020, o Brasil registra fechamento de 558.597 postos. É mais do que a população inteira de um município como Caxias do Sul (517,5 mil habitantes), na Serra.
Em tom de otimismo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou os resultados do mês passado. Na visão de Guedes, apesar das incertezas relacionadas à pandemia, os negócios estão voltando em formato de "V" — jargão que descreve rápida retomada após queda intensa das atividades.
— Esse foi o melhor ritmo de criação de emprego para qualquer mês de setembro da história. Todos os setores da economia e todas as regiões do Brasil criaram novos empregos. Isso configura o fenômeno da volta em "V" da economia — afirmou o ministro.