Uma reunião entre o setor de supermercados e o governo federal discutiu, nesta quarta-feira (9), o aumento de preço em produtos da cesta básica no país: a alta de itens como arroz, farinha de trigo, açúcar, frango, carne bovina, suína e óleo de soja já supera os 20% nos últimos nove meses até agosto. O encontro, em Brasília, reuniu o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), João Sanzovo Neto, e o primeiro vice-presidente João Galassi da entidade.
Após a reunião, o dirigente da Abras afirmou que os supermercados não serão os "vilões" de algo pelo que não é responsável e sugeriu uma substituição no prato do brasileiro:
— Nós não vamos ser vilões de uma coisa da qual não somos responsáveis, muito pelo contrário. Nós somos a ponta, nós estamos próximos ao consumidor. E, assim que sentimos que havia uma pressão muito forte de preços, fizemos um alerta ao governo. Nós vamos promover o consumo de massa, que é o macarrão, que é um substituto do arroz. E vamos orientar o consumidor a não fazer estoque. Porque quanto mais estocar, mais difícil fica a situação — afirmou Sanzovo Neto, emendando que as redes de supermercados farão uma campanha nacional para estimular a troca.
De acordo com Sanzovo Neto, a entidade explicou ao presidente que já vem cortando o lucro:
— Nós sempre fizemos, na cesta básica, porque o setor é muito competitivo. A gente não repassa de vez nossos aumentos.
Na última quinta-feira (3), a Abras comunicou à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobre os reajustes de preços do arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja. Segundo a entidade, o intuito foi "buscar soluções junto a todos os participantes da cadeia de fornecedores dos produtos comercializados nos supermercados".
Ministério da Justiça notifica supermercados por alta de preços
Nesta quarta (9), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão ligado ao Ministério da Justiça, notificou as principais empresas e associações ligadas à produção e distribuição de alimentos da cesta básica. Todos terão cinco dias para responder aos questionamentos.
Os supermercados terão que listar quais os produtos da cesta básica que tiveram maior variação no último mês e os três itens com maior reajuste. Também vão ter que mencionar os três principais fornecedores desses produtos, bem como o preço médio praticado por esses fornecedores nos últimos seis meses. A secretaria avalia que as notificações são necessárias para identificar claramente as causas dos reajustes, especialmente do arroz.
Em relação a notificação, o dirigente da Abras pediu que ela também seja feita a aos outros "setores da cadeia, desde a roça até o supermercado", que também devem explicar seus preços, defendeu.
Depois do aumento nos preços, o presidente Bolsonaro passou a pedir, publicamente, patriotismo aos donos de supermercados para reduzir o preço dos produtos da cesta básica:
— Está subindo arroz, feijão? Só para vocês saberem, já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados — afirmou, completando:
— Estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí... estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro.
Aumento não é ditado pelo nível de patriotismo, diz associação gaúcha
No RS, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) afirmou que os estabelecimentos no Estado "não estão medindo esforços para buscar a melhor negociação com os fornecedores e absorver, a medida do possível, parte desta alta de preços, em função de estoques reguladores".
— A curva de preços não é ditada pela ausência ou presença de patriotismo, mas pela oscilação natural do mercado a partir de questões cambiais, de mudanças mercadológicas e da lei da oferta e da procura — afirmou o presidente da entidade, Antônio Cesa Longo, em nota.