A Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) concluiu um estudo sobre o impacto do coronavírus na renda do trabalhador gaúcho. Um dos pontos destacados é a quantidade de pessoas consideradas elegíveis para receber o auxílio emergencial do governo federal.
Conforme o estudo veiculado na noite desta quarta-feira (20) pelo RBS Notícias, na RBS TV, 14,8% da população gaúcha está apta a sacar as três parcelas de R$ 600 ou de R$ 1,2 mil, no caso das mães chefes de família. Isso significa que 1,6 milhão de pessoas podem estar recebendo o benefício. O montante desembolsado pela União no Estado é de R$ 1,1 bilhão.
Outra dado analisado pelo estudo é o perfil socioeconômico dos beneficiários. Cerca de 90% deles compõem a metade mais pobre da população do Estado. Cerca de 40% são trabalhadores informais.
Um dos problemas é que muitas pessoas, que cumprem os requisitos, seguem sem receber o benefício. É o caso de Alex Rodrigues, que antes da pandemia fazia a aplicação de películas em prédios e carros. Depois, via a demanda sumir e está sem renda. Ele conta que fez o cadastro para o auxílio no primeiro dia, mas ainda não recebeu o valor.
— É fundamental para me manter. Sou separado e tenho uma filha de nove anos, e preciso ajudar com a pensão. Tem todo um fundamento em cima desses R$ 600 que seria muito útil. E daí eu vejo pessoas que não precisam, que estão usando para outros fins, recebendo — afirma.
— Até agora não tive nenhum retorno. (A liberação do auxílio) Continua em análise. A gente fica sem ter com quem falar. Quando você liga para lá, você fala com a máquina, eles não disponilizam ninguém para entrar em contato com a gente.
No melhor cenário, auxílio mitigaria 35% da perda de renda
No que diz respeito às mães chefes de família, esse grupo representa 85 mil pessoas. A população mais afetada é aquela que não tem condições de poupar e tem pouco acesso ao crédito.
O estudo da secretaria analisou ainda qual a importância do auxílio emergencial para atenuar a crise econômica. No melhor cenário, o impacto desse dinheiro repassado pelo governo federal na economia gaúcha mitigaria apenas 35% do efeito da perda de renda dos gaúchos.
— Quando a gente olha para o potencial desse programa, ele parece ainda tímido para o potencial de queda na renda dos trabalhadores gaúchos — analisa a economista Vanessa Neumann Sulzbach, que também assina o estudo.
Além disso, segundo o estudo, cerca de 72% dos gaúchos terão alguma perda de renda durante a crise, mas apenas 14,8% teriam possibilidade de receber o benefício. A perda de renda pode chegar a R$ 9 bilhões por mês. Se todos os gaúchos recebessem o benefício, a injeção de recursos seria de aproximadamente R$ 1,1 bilhão por mês.
O percentual dos chamados elegíveis ao auxílio emergencial varia de 12% (Santa Catarina) a 37% (Pará e Maranhão) da população dos Estados. Depois de SC, RS e Distrito Federal aparecem com os menores percentuais de elegível (15%).