Sob clima tenso no mercado financeiro em todo o mundo, o presidente Jair Bolsonaro fez um discurso a empresários brasileiros nesta segunda-feira (9), em Miami, no qual afirmou que seu governo é leal à política econômica de Paulo Guedes. Segundo o presidente, o Planalto tem buscando implementar as medidas propostas pelo ministro "de todas as formas."
Impactadas pelo avanço do coronavírus e pela guerra do preço do petróleo, as bolsas do Brasil e dos EUA haviam anunciado circuit breaker — quando as negociações são interrompidas compulsoriamente — minutos antes de Bolsonaro entrar no salão com 350 convidados e dizer que, na economia, a confiança está "acima de tudo".
— Honrar compromissos, buscar retaguardas jurídicas e garantias. Temos, na pessoa do nosso ministro da Economia um homem conhecido dentro e fora do Brasil, o senhor Paulo Guedes, e às suas politicas econômicas somos leais e buscamos implementá-las de todas as formas. Estamos mostrando que estamos no caminho certo. Aqui nos EUA estamos mostrando isso.
Investidores nos EUA estão preocupados já há algumas semanas com o fato de Guedes não ter um plano B diante dos efeitos do coronavírus na economia. O epicentro do vírus é na China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil e em guerra comercial com os americanos. Nesta segunda, diante do derretimento do mercado global, Guedes afirmou que a equipe econômica brasileira estava "absolutamente tranquila" e que iria transformar a crise em "geração de empregos."
Durante seu discurso de oito minutos, Bolsonaro afirmou que conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pelo telefone no domingo (8) e ouviu que, apesar dos atritos com o governo, a Câmara "fará sua parte" na aprovação das reformas administrativa e tributária.
O parlamentar falou em "medidas emergenciais" e disse que o Executivo precisava comandar o combate à crise. À plateia de empresários simpáticos a seu governo, o presidente não citou impactos do pessimismo generalizado na economia do Brasil, mas disse que seus ministros estavam "habilitados para enfrentar desafios."
No evento com empresários, os convidados à mesa com Bolsonaro eram na maioria políticos, como o deputado e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (sem partido-SP), o deputado Daniel Freitas (PSL), o senador Nelsinho Trad (PSD) e o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Um dos objetivos do evento era tentar reanimar o setor empresarial, no momento em que a economia brasileira não empolga os donos do dinheiro — dentro e fora do país — e o mundo caminha para uma desaceleração.
Antes do encontro com empresários, em Miami, Bolsonaro se encontrou rapidamente com o senador americano Marco Rubio. Eleito pela Flórida, o republicano tem um discurso contrário aos regimes da Venezuela e de Cuba, que agrada aos latinos conservadores do Estado.