O mercado de carros usados e seminovos patina no Rio Grande do Sul, mas vê perspectiva de leve melhora até o final do ano. De janeiro a outubro, as vendas tiveram variação negativa de 0,3%. No período, 663,3 mil automóveis e comerciais leves (modelos como caminhonetes) foram negociados no Estado. Em igual intervalo de 2018, o número havia sido de 664,9 mil, indica a Fenauto, que representa o setor. Empresários atribuem a baixa a dificuldades provocadas pela crise econômica.
– Até o fim de 2019, esperamos que as vendas subam um pouco. Normalmente, o segundo semestre costuma ser melhor – afirma o presidente da Agenciauto/Fenauto-RS, Rodrigo Dotto.
Ao contrário do Estado, no país houve avanço em negócios entre janeiro e outubro. No período, 9,1 milhões de automóveis de passeio e comerciais leves foram vendidos, elevação de 2% frente a igual intervalo do ano passado. Os dados levam em conta negócios fechados por revendas e locadoras.
– O crescimento não é tão alto, mas é melhor do que perder negócios. A economia está instável – observa o presidente da Fenauto no país, Ilídio dos Santos.
Apesar das dificuldades da economia, melhores condições de financiamento beneficiam o consumidor, frisa o economista Raphael Galante, da Oikonomia. Segundo estudo da consultoria automotiva, com dados do Banco Central (BC), concessões de crédito para compra de diferentes tipos de veículos alcançaram R$ 101,4 bilhões entre janeiro e agosto, alta de 26,6% ante igual período de 2018.
– As condições de financiamento impactam. O crédito ficou mais barato. Os prazos o estão mais longos – diz Galante.
O setor também está de olho em uma proposta em discussão na Câmara dos Deputados. De autoria do parlamentar Mário Heringer (PDT-MG), o projeto de lei 3.844 mira no modelo de compra e venda direta de automóveis. Pelo sistema atual, locadoras, em busca de grandes quantidades de veículos, conseguem descontos na aquisição junto a montadoras.
Donos de revendas tradicionais se queixam de que, após o período servindo para locação, os bens são renegociados pelas concorrentes com preços menores e sem recolhimento de ICMS. As locadoras dizem que a comercialização não é a principal atividade. Assim, ao venderem, fazem “desmobilização de ativos”, sem pagar o imposto, como previsto pela legislação.
O projeto de Heringer estabelece que automóveis só poderão ser renegociados por locadoras depois de dois anos da aquisição. A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis questiona a medida. Presidente da entidade, Paulo Miguel Junior estima em 17 meses o tempo médio em que veículos ficam sob posse das empresas – donos de concessionárias falam em períodos menores.
– Os 24 meses provocariam queda nas compras das locadoras. A frota só é desmobilizada quando não atende mais aos clientes – diz Miguel Júnior.
Mercado de zero-quilômetro também registra leve recuo
A exemplo das vendas de carros usados e seminovos, o segmento de veículos zero-quilômetro não deslanchou no Estado entre janeiro e outubro. No período, 117,4 mil novos automóveis de passeio e comerciais leves foram emplacados no Rio Grande do Sul. O número equivale a leve recuo de 0,1% frente a igual intervalo de 2018. Os dados integram pesquisa do Sincodiv/Fenabrave-RS (concessionárias e distribuidoras).
Presidente da entidade, Paulo Siqueira avalia que as vendas ainda sentem o quadro de dificuldades na economia. Segundo o dirigente, incertezas políticas pesaram sobre consumidores ao longo de 2019. Apesar disso, Siqueira menciona que os negócios tendem a ganhar leve estímulo até o fim do ano devido a fatores como promoções relacionadas ao período e liberação do 13º salário.
No Brasil, vendas de novos automóveis de passeio e comerciais leves tiveram alta de 7,5% entre janeiro e outubro. No período, 2,1 milhões de zero-quilômetro foram emplacados no país.
– O Rio Grande do Sul teve movimento desconexo com o país. Pode ter relação com a questão tributária no Estado – diz Siqueira.
Na contramão dos automóveis, o nicho de caminhões teve alta de 49,2% nas vendas no Rio Grande do Sul, de janeiro a outubro, frente a período igual do ano anterior.
O que levar em conta na aquisição
- Antes de comprar um carro, é necessário avaliar se o bolso conseguirá absorver todos os custos que cercam o veículo.
- As despesas vão além do valor de aquisição e do preço da gasolina. Envolvem, por exemplo, seguro, manutenção e estacionamento. São os chamados “gastos fantasmas” que pegam carona com o automóvel.
- Pesquisar o histórico da revenda e analisar de perto as condições de um veículo usado também são atitudes recomendadas
- Apresentar o automóvel a um mecânico de confiança também pode ser adequado antes de fechar negócio.
- Se a ideia for vender o carro, o dono terá de se informar sobre o valor do bem e definir com antecedência o que fará com o dinheiro. Assim, com a quantia em mãos, logo poderá direcioná-la a sua devida finalidade, evitando desperdícios.
- Ao vender o automóvel, também é preciso pesquisar o histórico dos possíveis compradores ou da revenda. Cautela é recomendável, assim como no momento de adquirir um veículo.
Fontes: educador financeiro Adriano Severo, da Severo Educação Financeira, e delegado Joel Wagner, titular da Delegacia de Polícia de Proteção ao Consumidor