O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) voltou a cortar a taxa básica de juro para tentar estimular a economia nacional. Por unanimidade, em reunião finalizada nesta quarta-feira (30), o colegiado reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, de 5,5% para 5% ao ano. Com a baixa, a terceira consecutiva, a taxa renovou seu menor nível histórico.
Em comunicado divulgado após o encontro, o Copom frisou que deverá confirmar novo corte de 0,5 ponto percentual em dezembro. Assim, a Selic fecharia o ano em 4,5%. "O comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude", destacou o colegiado.
Quando taxa está em patamar baixo, como o atual, pode servir de incentivo ao consumo e aos investimentos de empresas. Quando está em nível alto, ajuda a conter a inflação, porque desestimula o consumo, elevando o juro de empréstimos.
— A principal questão é saber o que o Banco Central fará no primeiro e no segundo trimestres do próximo ano. A inflação ainda estará em patamar baixo. Assim, abre-se a possibilidade de termos a Selic abaixo de 4,5% no começo de 2020 — pontua o economista-chefe da gestora Daycoval Asset Management, Rafael Cardoso.
O Copom não foi o único a promover corte de juro nesta quarta-feira. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, reduziu em 0,25 percentual a taxa de referência local, para o intervalo de 1,5% a 1,75%. Em nota, o Fed sinalizou interrupção nas baixas.
— No Brasil, o cenário de inflação está comportado. A atividade econômica não vem gerando pressão inflacionária, e o dólar também está mais baixo. Há um conjunto de fatores que respaldam a decisão do Banco Central — avalia Cardoso.
Um dos desafios do BC é fazer com que os cortes cheguem com vigor maior a empresas e consumidores. Em setembro, por exemplo, o juro médio do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas subiu de 307,2% para 307,8% ao ano, indicou o Banco Central.
Segundo analistas, um dos motivos que diminuem a intensidade da redução na ponta é a alta concentração bancária. Sócio-diretor da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello menciona que a operação de fintechs (startups de serviços financeiros) pode estimular, aos poucos, a competição no setor.
— O Banco Central já vem tocando nessa tecla. Hoje, apesar da concentração, o mercado está mais aberto do que no passado a novos bancos — acrescenta Curvello.