Em tentativa de retomada após a recessão, a economia gaúcha teve desempenho positivo no primeiro trimestre deste ano. Entre janeiro e março, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul subiu 0,9% frente ao mesmo período de 2018, segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão na tarde desta quinta-feira (1º).
A instituição responsável pelo cálculo foi a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada à Universidade de São Paulo (USP). A Fipe assumiu a tarefa no ano passado, após a extinção da Fundação de Economia e Estatística (FEE), no governo José Ivo Sartori. A mudança provocou polêmica à época.
Com a alta de 0,9%, a economia gaúcha teve desempenho melhor do que a brasileira no primeiro trimestre. Entre janeiro e março, o PIB nacional apresentou avanço de 0,5% frente ao mesmo período do ano passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
— Há otimismo moderado. Estamos melhores do que o Brasil. Mas o crescimento ainda é baixo depois da recessão — avaliou a secretária estadual de Planejamento, Leany Lemos.
Segundo a Fipe, a alta no PIB gaúcho foi puxada pela indústria, com avanço de 5,6%, e o comércio, que subiu 3,3% no primeiro trimestre. Em parte, o crescimento nos setores está relacionado à base fraca de comparação.
— A crise econômica foi bastante severa. Então, a base é deprimida — frisou o pesquisador Eduardo Zylberstajn, da Fipe.
Os outros três setores produtivos que aparecem na pesquisa tiveram baixas no primeiro trimestre. A principal, de 4,4%, foi a da agropecuária, que vinha crescendo nos últimos anos. O resultado no campo foi influenciado pela redução em culturas como arroz e uva.
Depois da agropecuária, a construção civil teve a segunda maior queda, de 3,8%. O segmento de serviços apresentou recuo de 0,4%.
A Fipe ainda indicou que o PIB gaúcho cresceu 1,4% no acumulado de 12 meses encerrado em março. Nessa base de comparação, o desempenho estadual também foi melhor do que o nacional. Segundo o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 0,9% no intervalo.
A alta gaúcha no acumulado espelha avanços na indústria (6,4%), no comércio (5%) e na construção civil (2,6%). Por outro lado, a agropecuária caiu 4,2%. O setor de serviços recuou 1%.
Governo promete desburocratização
A Fipe não detalhou o montante do PIB gaúcho em valores correntes no primeiro trimestre. Na apresentação, a instituição também evitou a comparação do indicador entre o primeiro trimestre de 2019 e o último do ano passado. Esse tipo de recorte é divulgado por instituições como o IBGE quando há o informe do desempenho da economia nacional.
— Não fizemos a comparação com o trimestre imediatamente anterior para evitar o impacto de questões sazonais — disse Zylberstajn.
Para a economia gaúcha acelerar, Leany prometeu que o governo estadual buscará avançar em projetos de desburocratização e parcerias com a iniciativa privada.
— O Estado também dependerá do cenário nacional. A reforma da Previdência ajudará — pontuou a secretária.
Na avaliação de Zylberstajn, a economia gaúcha poderá ser beneficiada por melhor desempenho da agropecuária a partir do segundo trimestre. Com grande peso na composição do PIB estadual, o setor tende a ser influenciado pela alta no volume estimada para itens como soja, acrescentou o pesquisador.
— Há boas perspectivas — definiu.