Depois de dias assegurando que a votação em dois turnos da reforma da Previdência pelos deputados estaria concluída até este fim de semana, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu nesta sexta (12) que o segundo turno deve ser votado só em agosto, após o recesso parlamentar. Segundo líderes partidários, o adiamento da votação já está certo.
— Vamos finalizar todo o primeiro turno hoje e deixar pronto, mas o segundo turno fica mesmo para agosto — admitiu o líder do PSL, delegado Waldir (PSL-GO)
— A Câmara ganhou protagonismo com a reforma e quer ficar em cima do assunto por mais tempo — admitiu um parlamentar do centrão.
Ainda há parlamentares dispostos a terminar a votação nesta sexta-feira.
— Acho um grande erro fazer tudo isso r agora deixar para depois do recesso, mas a decisão não é minha — disse Felipe Francischini (PSL-PR), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
As declarações de Maia ocorreram em meio ao atraso nas votações de destaques (alterações ao texto-base) — estratégia da oposição para adiar o fim do processo na Câmara. Maia, que reabriu a sessão de votação dos destaques às 11h26 a um plenário de apenas 192 deputados, projetou que os destaques terminarão de ser apreciados nesta sexta. Depois disso, voltam para a comissão especial, que avalizará o texto aprovado no primeiro turno. Com isso, o projeto segue para apreciação em segundo turno.
— O importante é terminar o primeiro turno com a vitória que nós estamos mantendo — disse Maia, que estimou que, até agora, a perda de potência fiscal do projeto com as concessões a policiais, tempo de contribuição para homens e pensão por morte não passa de R$ 25 bilhões.
— O que a gente não pode é perder essa economia. Os últimos destaques do PT, se não forem derrotados, nos tiram R$ 100 bilhões. Então a gente precisa ter um quórum alto hoje para garantir essas votações. Não podemos perder nenhum deputado, nenhum voto — afirmou.
Onyx afirma que não quebra o calendário do governo
O ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni também indicou que a votação do segundo turno da reforma da Previdência pelo plenário da Casa deve ficar só para agosto, mas afirmou que isso não compromete o cronograma do governo.
— A gente acha que é possível concluir hoje. Quebrar o interstício (derrubar exigência mínima de sessões entre primeiro segundo turno) e superar o relatório do vencido (após as alterações) na comissão especial. Depois vamos olhar. Tem quórum? Vamos adiante, vamos entrar noite adentro. Não tem quórum, vamos ver como fica melhor. Aí, eu acho que talvez o mais prudente seja realmente agosto.
Pelo cronograma original do governo, a votação no segundo turno no Senado se daria entre 9 e 15 de setembro.
— Do jeito que a gente está construindo aqui, na eventualidade de a gente ir para agosto, sendo na primeira semana, não altera esse calendário.
O ministro destacou ainda a proximidade do recesso parlamentar, que começa no próximo dia 18 e se estende até o final do mês. "Os parlamentares e suas famílias, muitas vezes, ajustam viagens. Então tudo isso tem um equilíbrio que a gente tem que tentar compor. Nós estamos tentando."
Onyx ressaltou que o importante é votar um texto seguro, sem possibilidade de aprovar mudanças sugeridas pela oposição que podem desidratar o texto-base aprovado na quarta em mais de R$ 500 bilhões.