O governo não teme que a reforma da Previdência fique para o segundo semestre, em meio a informações de que o relator do texto, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), trabalha na terceira vez da proposta, informou nesta quarta-feira (3) o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros.
Em conversa com jornalistas, Rêgo Barros afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está trabalhando na articulação política neste momento "de cruzar a linha de chegada", como se referiu à proximidade de aprovação das mudanças no regime de aposentadoria.
— Não há um temor com a postergação da assinatura. Sabemos que isso é uma demanda do Congresso, é importante que o Congresso analise (o texto) — afirmou. Ainda assim, complementou que a expectativa é que os parlamentares apreciem e votem em plenário a proposta "no menor prazo possível."
O general também comentou a possibilidade de agentes de segurança terem regras mais brandas que outras categorias, depois de o presidente ser chamado de "traidor" por policiais civis e federais.
As declarações foram dadas antes da notícia de que, com a articulação de Bolsonaro, a nova versão da reforma terá regras mais suaves para policiais federais — idade mínima de 53 anos, se homem, e 52 anos, se mulher. A proposta original, enviada pelo governo em fevereiro, criava uma idade mínima de 55 anos para homens e mulheres policiais federais, policiais rodoviários federais, policiais legislativos. Essa versão será apresentada em um destaque, não no relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da reforma na comissão.
Rêgo Barros afirmou que Bolsonaro enviou ao Congresso, através do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a percepção de que a categoria de agentes de segurança pública tem especificidades, "essa característica diferenciada das forças de segurança, como defendeu a das Forças Armadas."
Onyx se reuniu nesta tarde com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para passar a percepção do governo sobre o tema, que incluiu o reforço da ideia de que "todo mundo vai dar sua cota de sacrifício."
— O presidente já vem colocando isso de forma clara. Não existe categoria que venha a manter 'privilégios'. E as categorias entendem isso, e a sociedade entende isso — afirmou o porta-voz. Segundo ele, o governo ainda busca uma economia de R$ 1 trilhão em dez anos.
Além dos policiais, segundo o porta-voz, o governo ainda levou as preocupações de outras categorias, que não foram especificadas.