Diante do fraco desempenho da economia na largada do ano, o varejo volta os olhos para soluções tecnológicas com potencial de auxiliar nas vendas. Para debater práticas inovadoras e ferramentas que podem beneficiar os negócios, empresários reuniram-se nesta terça-feira (28), no primeiro dia da 7ª Feira Brasileira do Varejo (FBV), na Capital. Organizada pelo Sindilojas Porto Alegre, a programação segue na quarta (29) e na quinta-feira (30), no Centro de Eventos da Fiergs.
O foco da feira em tecnologia pode ser dimensionado, em parte, por um dos símbolos desta edição. Com voz feminina, a robô Pepper pronuncia algumas palavras e dá boas-vindas aos participantes. Outra atração do evento é o espaço TrendStore Senac, que reúne ferramentas com objetivo de melhorar a experiência de compra de consumidores. No local, por exemplo, há soluções que ajudam empresários a organizar estoques e visualizar as áreas mais visitadas das lojas (mais detalhes no quadro ao final do texto).
– A tecnologia é ainda mais importante em um momento como o atual da economia, que não melhorou no início do ano. Antes, as lojas só vendiam, e os clientes só compravam. Hoje, não é mais assim. Os clientes querem saber o propósito das marcas, buscam experiência de compra. As empresas precisam avançar em questões como marketing digital – observa o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.
Ao avaliar o desempenho da economia nacional, o empresário classificou o cenário como "difícil" tanto para o varejo quanto para os demais setores. Kruse também mencionou que o otimismo de analistas e empresários após as eleições de outubro estimulou o comércio a reforçar estoques entre o fim do ano passado e o início de 2019. No entanto, a demanda pelos produtos ainda não correspondeu às apostas, conforme o presidente do Sindilojas Porto Alegre.
– Sem o avanço de reformas, a tendência é de que o mercado piore no segundo semestre. O país também precisa enxugar a máquina pública. Não podemos mais conviver com o setor público tão inchado – acrescentou.
A programação da FBV ainda contempla o Congresso Brasileiro do Varejo, que ontem contou com nomes como o presidente do Grupo Dimed (dono da Panvel), Julio Mottin Neto, e o presidente da rede de lojas Havan, Luciano Hang. Em sua palestra, Mottin Neto abordou estratégias que a Panvel vem desenvolvendo.
– Não existe mais só loja física ou só venda digital. Tudo é uma coisa só – diz Mottin Neto.
Segundo o empresário, a Panvel pretende abrir 30 lojas até o fim do ano. Com isso, o número de unidades da marca chegará a 450 na Região Sul e em São Paulo.
– Varejo que não cresce não se fortalece. O setor não é como a indústria, que em momentos de crise na economia pode cortar um turno de produção – avalia.
Na quarta-feira, o congresso terá a presença de empresários como José Renato Hopf, fundador da empresa gaúcha de tecnologia 4all. Nos três dias da feira, serão cerca de 30 palestrantes, que deverão analisar temas como empreendedorismo e inovação.
– A FBV é um ponto de encontro de empresários e parceiros. O varejo precisa entender novas tecnologias e inovar na relação entre lojas físicas e vendas digitais. O cliente mudou. Muitas vezes, sabe mais sobre o produto do que o atendente de loja – diz o presidente da FBV, Ronaldo Sielichow.
A loja tecnológica
A TrendStore é uma das principais atrações da 7ª FBV. Organizado em parceria com o Senac-RS, o espaço reúne tecnologias que podem ser usadas dentro de lojas para melhorar a experiência de compra de clientes e, consequentemente, elevar as vendas. Conheça parte das soluções disponíveis no local.
Robô para atendimento a clientes
Dispõe de tecnologia de reconhecimento facial e de voz. Ao circular dentro de uma loja, o robô, batizado como Robios, apresenta aos consumidores características de produtos que estão à venda. As informações aparecem em uma tela junto ao equipamento. O projeto é da empresa Human Robotics, do Paraná.
Provador inteligente
Assim que um cliente entra no provador com uma peça de roupa que está à venda, o sistema reconhece a etiqueta. Em seguida, o consumidor pode observar no espelho a sua frente uma série de dados sobre o produto. A tecnologia foi desenvolvida pela ICX Labs.
Mapa de calor dos clientes
O programa capta em uma tela as áreas mais frequentadas por clientes dentro de uma loja. Esses espaços chamam atenção em um mapa por estarem retratados com cores mais quentes. A solução é da empresa Cisco.
Realidade virtual, realidade aumentada e simulador de estoque
As tecnologias buscam ajudar lojistas a melhorar técnicas de venda e de treinamento com empregados. O simulador reúne em uma tela detalhes sobre estoques de lojas. Como se fosse jogo, permite aos funcionários organizar os espaços da maneira mais adequada. O projeto foi desenvolvido pelo Centro de Tecnologias Educacionais do Senac-RS.