O economista Hélio Zylberstajn avalia que o país tem condições de acelerar seu ritmo de crescimento em 2019 e, consequentemente, gerar mais empregos. Mas, para a projeção se confirmar, o governo de Jair Bolsonaro (PSL) precisa demonstrar que pode implantar reformas como a da Previdência, diz o especialista. Para ele, mudanças no sistema de aposentadorias são necessárias para equilibrar as contas públicas e elevar a confiança de investidores na retomada da economia após a recessão.
Qual o cenário para o mercado de trabalho no Brasil?
Ao longo de 2018, houve pequeno crescimento na abertura de empregos formais. Não deixou de ser um avanço, já que o país fechou muitas vagas durante a crise, mas o movimento ainda é pequeno. A grande geração vem sendo de vagas informais. Esses espaços estão sendo ocupados por quem trabalha por conta própria, sem carteira assinada, por microempreendedores individuais (MEIs). A economia ainda não deslanchou, e as pessoas usam a informalidade como estratégia de sobrevivência. É ruim ter muita gente sem carteira assinada, mas ao mesmo tempo isso mostra um espaço econômico que está sendo explorado. É melhor isso do que nada. Esse movimento (migração de vagas formais para informais) não ocorre apenas aqui no Brasil. Há uma transformação no mundo do trabalho.
O que pode acelerar a criação de empregos ao longo do ano?
As condições do mercado de trabalho, em 2019, dependerão do desempenho da economia como um todo. Se o novo governo mostrar, logo de cara, que quer fazer a reforma da Previdência e consertar a questão fiscal no país, teremos um choque de otimismo. Com isso, a economia tende a crescer mais. Agora, se o governo falhar e não der essa mensagem inicial, que precisa ocorrer nos primeiros três meses, teremos um ano como 2018, com crescimento aquém do esperado.
Na sua avaliação, além de uma eventual não aprovação da reforma da Previdência, há outros riscos, no momento, que podem frear o desempenho da economia?
A grande prova para o governo é como lidará com a Previdência. O problema fiscal no Brasil tem um nome: é Previdência. Se o governo mostrar que realmente tem condições de realizar a reforma, mesmo que leve o ano inteiro para fazê-la, a confiança voltará, os investimentos virão.