A carreira do publicitário Leonardo Sindermann, 39 anos, transcorria sem grandes percalços. Em uma empresa de Esteio, na Região Metropolitana, o porto-alegrense coordenava a área de trade marketing voltada a clientes internacionais. Sua missão no local consistia em planejar ações que estimulassem os negócios para fora do país. O que Leonardo não projetava era a decisão da companhia de fechar o setor em outubro de 2017. Mal sabia ele que a demissão serviria de gatilho para uma virada em sua vida profissional.
Nove meses depois, em julho de 2018, o publicitário viu nascer a oportunidade para trabalhar como executivo de vendas da multinacional Kimberly-Clark, que desenvolve produtos de higiene pessoal, como guardanapos, fraldas e absorventes femininos. Ao assumir o cargo, deparou com uma série de mudanças.
Hoje, Leonardo atua junto aos clientes. Diariamente, visita redes de supermercados no Estado para fechar negócios e observar de perto como estão as vendas dos itens nas prateleiras. Outra transformação trazida pelo novo emprego é a ausência de um local fixo de trabalho. É comum ao publicitário resolver parte das demandas em casa ou em cafés.
— Não há rigidez de horários para trabalhar. Hoje, estou muito mais no campo, visitando clientes. Antes, ficava mais no escritório. Saía pouco — compara. — Descobri a vaga atual por meio da rede de contatos que construí ao longo da carreira — acrescenta.
Não poderia simplesmente me arriscar. Sou casado e tenho um filho. As mudanças dependem muito do momento de cada pessoa. Por isso, busquei ajuda.
LEONARDO SINDERMANN
39 anos, executivo de vendas da multinacional Kimberly-Clark
No período de nove meses em que ficou sem emprego, Leonardo usou parte das economias acumuladas para eventuais momentos de aperto financeiro. Antes de rumar ao setor de vendas, até buscou novas oportunidades na área de marketing. Mas, como a procura não teve resultado, passou a cogitar a mudança de ares.
Conforme o publicitário, a preparação foi fundamental para o desafio que se impôs. Leonardo participou de encontros de coaching, nos quais recebeu orientação sobre aspectos que deveria levar em conta antes de trocar de área de atuação.
— Já haviam me falado que eu tinha perfil para trabalhar na área comercial. Mas não poderia simplesmente me arriscar. Sou casado e tenho um filho. As mudanças dependem muito do momento de cada pessoa. Por isso, busquei ajuda. Avaliei se valeria a pena ou não trocar de área. Com o coaching, adaptei meu currículo. Fiz algo mais direcionado para o setor comercial, mostrando como minhas experiências anteriores poderiam ser úteis — menciona o publicitário.
Para quem cogita buscar novas áreas de atuação, assim como Leonardo fez, especialistas em orientação de carreira listam uma série de dicas. Sócia-diretora da Missel Capacitação Empresarial, Simoni Missel ressalta que os interessados na eventual mudança devem avaliar suas características profissionais, conversar com pessoas que já exercem as funções almejadas e elaborar um planejamento financeiro. Ampliar conhecimentos e visitar empresas no setor desejado também são medidas que tendem a gerar benefícios.
— É necessário ser paciente e destinar tempo para as ideias amadurecerem. Na busca por mudanças na carreira, é difícil ter resultados imediatos, mas não impossível. Por isso, planejamento e tempo são importantes — salienta Simoni.
Entrevista
As condições do mercado de trabalho, em 2019, dependerão do desempenho da economia como um todo. Se o novo governo mostrar, logo de cara, que quer fazer a reforma da Previdência e consertar a questão fiscal no país, teremos um choque de otimismo.
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