A Ecovix teve mais um avanço na tentativa de reestruturar sua dívida e evitar o sucateamento do Estaleiro Rio Grande, no polo naval do sul do Estado. A juíza Fabiana Baldino, da 2ª Vara Cível de Rio Grande, homologou na sexta-feira (18) o plano de recuperação judicial da empresa. Divulgada nesta segunda (20), a decisão avaliza o conteúdo do documento discutido e aprovado em 26 de junho, durante assembleia geral de credores.
Com a validação do plano, a companhia passa a concentrar esforços na limpeza do estaleiro e na busca por possíveis interessados na compra do complexo. Os ativos são avaliados pela Ecovix em cerca de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 3,9 bilhões).
A intenção da empresa é formar uma unidade produtiva isolada (UPI). Na prática, a medida permite que a quantia arrecadada com a possível venda seja destinada ao pagamento da dívida. Os débitos da companhia somavam cerca de R$ 7,8 bilhões, mas, na assembleia de junho, os credores aceitaram reduzir o valor para em torno de R$ 3,7 bilhões, diz o advogado Alexandre Faro, que representa a Ecovix.
— A homologação é um passo importante. O posicionamento do Judiciário deixou valer as decisões da assembleia em um caso extremamente complexo — avalia Faro.
O administrador judicial Laurence Medeiros, que acompanha o processo, ressalta que a Ecovix terá dois anos para encontrar investidores e formar a UPI. Ou seja, o prazo se estenderá até o segundo semestre de 2020. O plano ainda determina que a companhia pague toda a sua dívida em até 20 anos.
— A decisão foi uma vitória para a empresa. O prazo de dois anos para a formação da UPI é importante e desafiador — define o advogado Rodrigo Tellechea, que também representa a Ecovix.
Segundo a companhia, caso haja interesse, o estaleiro poderá receber novas atividades, como reparos de embarcações e plataformas petrolíferas. A empresa ainda cogita operações portuárias, mas, para movimentar cargas, o complexo precisará da autorização de órgãos reguladores do setor.
A Ecovix declara que, em valores, seu pedido de recuperação é o maior da história no Estado.
Vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José Norte, Sadi Machado celebra a decisão judicial. Para ele, a medida pode colaborar para que o estaleiro volte a realizar atividades como a obra da plataforma P-71, que foi paralisada. No entanto, o sindicalista diz "não acreditar" no avanço de operações portuárias no local, já que seria necessária a autorização de órgãos reguladores.
O diretor-operacional da Ecovix, Ricardo Ávila, lembra que a indústria naval tem enfrentado dificuldades com a redução no número de encomendas pela Petrobras. Por isso, considera "natural" que grupos estrangeiros demonstrem maior interesse pelo Estaleiro Rio Grande. Embora evite citar nomes, o executivo relata que a companhia vem conversando com possíveis investidores. Comenta-se, nos bastidores, que representantes de um grupo de fora do país estiveram no Estado para buscar mais detalhes sobre o estaleiro.
— A homologação do plano de recuperação é importante para buscar interessados — frisa.