Foi homologado o plano de recuperação judicial do Grupo Ecovix. A aprovação em assembleia de credores ocorreu em junho e agora saiu a autorização judicial exigida pela legislação.
As dívidas atingem R$ 8 bilhões. Ou seja, é a quinta maior recuperação judicial do Brasil e a maior do Rio Grande do Sul. A proposta prevê a forma de pagamento aos credores, além da venda de ativos. O pedido de recuperação judicial foi ajuizado pela empresa em 2016.
O acompanhamento é feito pelo escritório Medeiros & Medeiros Administradora Judicial. O sócio responsável é Laurence Medeiros, que explica que, a partir de agora, poderá ser feita a reorganização societária com a criação de uma Unidade Produtiva Isolada, mais chamada de UPI. Seria a "nova Ecovix".
— A legislação permite que uma empresa em processo de recuperação possa ser vendida sem que o comprador assuma as dívidas. Para isso, é formada a UPI. Além de tornar a venda mais fácil, valoriza o ativo. Os credores poderão receber parte de seus créditos ser pagos mediante a alienação da unidade, em especial a classe trabalhista — detalha Medeiros.
O que sobrar após uma venda da UPI será administrado e vendido. O valor deve ir para pagar tributos e demais dívidas que ficarão no Grupo Ecovix.
A empresa planeja ter atividades em Rio Grande além da montagem de unidades marítimas. Contratada pelo Grupo Ecovix, uma consultoria elaborou um estudo para avaliar a potencialidade da operação. Estão em análise áreas como atividade portuária, reparo em embarcações e processamento de aço para a indústria metalmecânica.
A empresa prospecta interessados para finalizar a plataforma P-71, que está 30% montada. Entulhos e restos de obras já estão sendo removidos da área portuária no estaleiro em Rio Grande. Cerca de mil toneladas foram retiradas no início deste mês, de um total de 6 mil espalhadas pelo terreno.
— A empresa permanece em recuperação judicial, sob a fiscalização do poder judiciário e da administração judicial por um período de dois anos contados da homologação. Caso as condições assumidas neste período não sejam cumpridas, a juíza Fabiana Baldino, que conduz o processo, pode decretar a falência da empresa — explica Laurence Medeiros.
A homologação deve deixar investidores mais confortáveis para fazerem parcerias com a empresa, acredita Ricardo Ávila, diretor operacional da Ecovix.
— É uma nova fase — diz o executivo.
Entre os fatores que contribuíram para a crise da Ecovix, estão a Operação Lava-Jato – a Engevix (sócia da Ecovix) chegou a ter um dos sócios preso preventivamente –, a crise política e econômica do país e a queda no preço do petróleo na época. A Petrobras cancelou contratos com a Ecovix para montagem de plataformas de petróleo. Na mesma semana em que foi pedida a recuperação judicial pela empresa, houve a demissão de mais de 3 mil funcionários que trabalhavam em estaleiros no porto de Rio Grande.