Após um dia de nervosismo no mercado financeiro, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, garantiu que a autoridade monetária continuará trabalhando com o Tesouro Nacional para oferecer liquidez aos mercados de câmbio e de juros "enquanto for necessário". Ele ressaltou, porém, que o regime de câmbio flutuante é a primeira linha de defesa do aís e rechaçou o uso da taxa de juros para controlar a taxa de câmbio.
— A política monetária é separada da política cambial, não há relação mecânica entre as duas. A política monetária olha para projeções, expectativas de inflação e balanço de riscos e não será usada para controlar taxa de câmbio — disse Goldfajn em entrevista coletiva convocada no início da noite.
O presidente do BC disse que a autoridade monetária tem atuado para prover liquidez e continuará oferecendo contratos de swap. Ele destacou que o banco conta hoje com uma munição maior e vai oferecer US$ 20 bilhões em swaps até o fim da semana que vem, "sem prejuízo de atuações adicionais".
— Esse é seguro que contratamos no passado. Reduzimos o estoque de swaps quando estávamos no interregno benigno. Hoje estamos usando esse seguro e podemos ir além dos máximos históricos do passado — disse o presidente do BC. Além do swap, Goldfajn também citou outros instrumentos como leilões de linha.
Goldfajn buscou destacar os fundamentos sólidos da economia brasileira.
— O balanço de pagamentos do Brasil é muito bom, nós temos uma conta corrente equilibrada. Nós esperamos que esse fluxo de conta corrente seja superavitário nos próximos 12 meses — disse.
Além do ingresso de moeda estrangeira por conta do superávit esperado na conta corrente, o presidente do BC destacou o patamar significativo de investimento estrangeiro no País, de 3,4% do PIB.
— Nosso balanço de pagamentos, quando comparado a outras economias, temos balanço de pagamentos muito mais confortável — afirmou.
O presidente do BC iniciou a coletiva destacando que houve mudança relevante no cenário externo, principalmente em relação ao apetite por investimentos em mercados emergentes. "Observamos nos últimos meses e semanas uma mudança, que vem do exterior", disse, citando a elevação na taxa de juros nos Estados Unidos como um dos fatores que tem revertido o fluxo de capitais. "Está ocorrendo choque externo", afirmou.