O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, deve reforçar nesta sexta-feira (8) a ideia de que poderá superar os valores máximos já usados em intervenções no mercado de câmbio. Goldfajn participa de teleconferência com investidores nacionais e estrangeiros, organizada pelo Bradesco BBI, para tratar das economias nacional e global.
Segundo o BC, Goldfajn dirá que poderá superar os valores máximos, de US$ 115 bilhões, já usados no passado em contratos de swap cambial, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro. Atualmente, o estoque desses contratos está em US$ 35,164 bilhões.
— Não há preconceito quanto ao uso de qualquer instrumento. Podemos empregar swaps cambiais, reservas ou leilões de linha, dependendo da necessidade — afirmou o presidente do Banco Central.
Na quinta-feira (7) à noite, para acalmar o mercado, o Goldfajn informou em entrevista coletiva que até o final da semana que vem, ocorrerão leilões adicionais de contrato de swap cambial no valor total de US$ 20 bilhões.
Em nota divulgada hoje, o BC esclareceu que o montante de US$ 20 bilhões em contratos de swap a serem ofertados ao longo da próxima semana são adicionais aos montantes de US$ 750 milhões que vêm sendo oferecidos diariamente nos leilões de swap. Segundo o BC, o montante total de operações de swaps ofertadas até o dia 15 de junho será, salvo intervenções adicionais, de US$ 24,5 bilhões.
Na quinta-feira (7), o dólar fechou o pregão em alta de 2,3%, cotado a R$ 3,926 – o maior valor desde 1º de março de 2016. Por volta das 10h, o dólar estava cotado a R$ 3,8239, com queda de 2,59%.
Por meio das operações de swap cambial, o Banco Central vende contratos em reais no mercado futuro para conter a volatilidade do câmbio e reduzir a demanda por dólar. O Banco Central aposta que a divisa subirá mais que os juros futuros. Os investidores apostam que os juros aumentarão mais que a moeda norte-americana. No fim do contrato, as duas partes trocam os rendimentos.
Para Goldfajn, o cenário externo, nas últimas semanas, tornou-se mais desafiador e apresentou volatilidade (fortes oscilações).
— O mercado apresenta um comportamento volátil, com uma piora na percepção dos agentes internacionais em relação ao cenário global. Essa percepção tem provocado pressões sobre várias economias emergentes, afetando cada país de acordo com suas características particulares — dizem os apontamentos de Goldfajn, divulgados pelo Banco Central. A elevação da taxa de juros dos Estados Unidos reverte o fluxo de capital das economias emergentes para os países avançados, destaca Goldfajn.
— O BC tem atuado para prover liquidez através dos swaps cambiais e, em coordenação com o Tesouro Nacional, tem dado liquidez ao mercado de juros. O BC e o Tesouro Nacional vão continuar oferecendo de forma coordenada liquidez, seja no mercado de câmbio, seja no mercado de juros — afirma.
Goldfajn também reforça que o "Brasil tem amortecedores robustos, fundamentos sólidos e encontra-se mais preparado para lidar com choques externos".
O presidente do BC também destaca a informação de que não vai usar a taxa básica de juros, a Selic, para interferir no câmbio, mas apenas para controlar a inflação.
— Na próxima reunião, o comitê analisará essas condições com foco como sempre nas projeções e expectativas de inflação e o seu balanço de riscos — diz Ilan Goldfajn.