Em dificuldades financeiras, o braço de distribuição da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE-D) reduziu o prejuízo em 83% em 2017. O resultado negativo no ano passado caiu para R$ 87,5 milhões — em 2016, havia sido de R$ 527,1 milhões. Os números foram apresentados na manhã desta terça-feira (27).
Segundo a administração, o grande alívio surgiu da geração de caixa, medida pelo indicador conhecido como Ebitda ajustado, que ficou positivo em R$ 183,8 milhões em 2017. A marca foi comemorada pela direção da estatal já que no ano anterior havia sido negativa. Caso ficasse no vermelho novamente, a CEEE-D perderia a concessão. É o que aponta o contrato com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel): entre 2016 e 2020, o indicador não pode ser duas vezes negativo.
A empresa atribui o desempenho a uma série de fatores. Um deles é a transferência do terreno da sede da companhia, em Porto Alegre, para o braço de geração e transmissão de energia do grupo, a CEEE-GT. A medida, que não terá reflexos nos próximos balanços, causou receita de R$ 283,3 milhões aos cofres da divisão de distribuição.
— A sustentabilidade da empresa é um processo que leva tempo. A CEEE-D é um paciente que ainda inspira cuidados. Mas não há como melhorá-lo sem melhorar as condições clínicas — comparou o diretor-presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, que acumula a função de diretor de relações com investidores.
Outra medida que permitiu prejuízo menor foi a redução de 32% nos custos de operação. A despesa operacional caiu de R$ 1,1 bilhão em 2016 para R$ 751 milhões. O freio nos custos, declarou Pinheiro Machado, tem relação com iniciativas como diminuição do número de funcionários, que passou de cerca de 4,2 mil para 3,5 mil. A adesão a programas de regularização tributária também aliviou os cofres.
— Reduzimos custos com compra de materiais e investimos na incorporação de tecnologias — acrescentou o diretor de distribuição, Júlio Hofer.
Além do balanço da divisão de distribuição de energia, a companhia também apresentou o desempenho de seu braço de geração e transmissão nesta terça-feira. Em 2017, a CEEE-GT ficou no azul, mas viu o lucro líquido cair para R$ 395 milhões, redução de 57% ante os R$ 923,7 milhões do ano anterior.
Segundo a estatal, a queda é explicada em parte porque, em 2016, a receita havia sido inflada com compensações por investimentos feitos na rede de energia. Em 2017, a CEEE-GT ainda encarou dificuldades hidrológicas para geração de energia e, por isso, teve de recorrer a fontes mais caras.
— A chuva é o grande indexador do setor elétrico. Quando chove, o preço da tarifa fica mais barato. Quando isso não acontece, fica mais caro — mencionou Machado.
Com o desempenho das duas divisões, o Grupo CEEE teve lucro líquido de R$ 24 milhões no ano passado. O resultado equivale à redução de 91% frente aos R$ 261 milhões de 2016.
— Fizemos a venda de imóveis. Não há nenhum milagre para reduzir as dívidas. Há esforço de gestão — completou Machado.