Na sexta reportagem da série Chega de Crise, a Gaúcha SM traz o relato de alguém que chegou a ficar superendividado - mas que conseguiu dar a volta por cima. A matéria também traz dicas para fugir das altas taxas de juros. A série Chega de Crise é uma parceria da Gaúcha SM com o Diário de Santa Maria e com a RBS TV Santa Maria.
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Você costuma precisar de um dinheirinho extra para pagar suas contas? Cuidado: dependendo do tipo de crédito que você escolher, os juros podem ser altos. Em setembro, por exemplo, a taxa de juros do cartão de crédito chegou a 414,3% ao ano. Jeferson Souza, professor estadual, passou por uma situação mais ou menos parecida.
"Eu contraí dívidas no cartão no mês de janeiro. Saí de férias para a praia e exagerei nos gastos. A dívida não foi um valor muito elevado, porque comecei a controlar pela raiz. Mas ficou em torno de R$ 1,4 mil naquele mês", conta.
Jeferson procurou a Clínica de Finanças da Unifra, em Santa Maria, e foi encaminhado para o programa de superendividamento. Lá trabalham quatro professores e 16 alunos, e eles orientam as pessoas a como pagar as dívidas e se restabelecer financeiramente. Depois de recuperada, é feito um acompanhamento do caso para que a pessoa não volte a se endividar.
A prioridade é atender quem ganha até três salários mínimos, mas a Clínica de Finanças é aberta a todos. O economista e professor coordenador do local, Alexandro Reis, conta que esse tipo de situação em que a pessoa se endivida é bastante comum, já que faz empréstimos, adquire dívidas com juros e a situação acaba virando uma bola de neve. E os principais vilões são o cheque especial e os cartões de crédito:
"O mais utilizado e mais rápido é o cheque especial. Há vários bancos que oferecem o crédito rápido, ou operação de financiamento em que você precisa buscar o seu gerente de conta para fazer a operação. Esses são os principais modelos para pessoa física. Se a gente pegar os principais cartões, a média é 400% a 420% ao ano em juros", explica Reis.
É claro que, no caso dos empréstimos junto ao banco, a pessoa pode negociar com o gerente uma taxa de juros. No entanto, ela nem sempre é muito flexível, e o valor a ser pago pelo empréstimo do dinheiro pode ficar alto. A regra é bastante simples: quanto mais garantia para o banco de que ele vai ter o dinheiro de volta, mais baixa é a taxa. E é por isso que, segundo Alexandre, a melhor opção hoje, para quem tem essa possibilidade, é o empréstimo consignado, cujas taxas de juros variam de 2% a 6,5% ao mês.
"Hoje a operação que tem o menor juro em relação aos outros é o crédito consignado, porque o banco credita essa quantia para o seu cliente em troca de algumas garantias - no caso, débito em conta da folha salarial. Então ele tem uma garantia de que vai receber e, em troca disso, o juro é menor. Se é que a pessoa precisa de algum crédito hoje, a preferência é buscar o consignado, observando o mercado e instituições financeiras, que operam com taxa de juros bem mais acessíveis", detalha.
No caso de Jeferson, que também enfrentou problemas devido ao parcelamento de salários por parte do Governo do Estado, já que é professor estadual, a situação foi difícil - mas ele conseguiu pagar as dívidas e se recuperar. Hoje tenta controlar mais os gastos.
"Como há essa crise econômica em todo o pais, a gente tem que fazer o ajuste fiscal pessoal, daí consegue cortar o máximo de gastos possível. Tento evitar entrar em lojas e não comprar por impulso. Parei de entrar em tantas lojas de roupas, que é o meu fraco, e comecei a reduzir conta de telefone", relata.
E o professor Alexandre dá uma dica de ouro para quem precisa colocar as contas em dia neste final de ano:
"Estamos em um período de final de ano, quando as pessoas recebem algumas rendas extras, como o 13º salário e férias. Se, com essa quantia que você vai receber, conseguir controlar suas contas, pagar e até diluir o endivadamento do ano de 2015, essa é a melhor opção", aconselha.
Gráfico: Diário de Santa Maria