A alta carga tributária e a falta de matéria-prima são os principais vilões dos frigoríficos que comercializam carne ovina no país. Com isso, cresce a clandestinidade. Segundo números da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), apenas 8% dos abates feitos no Brasil ocorrem de maneira oficial.
No Rio Grande do Sul, a estatística não é tão cruel. Presidente da Arco, Paulo Schwab estima que o número de abates informais no Estado seja de 70%.
- Frente os índices nacionais, este número é considerado bom. Óbvio que o ideal é que a cadeia produtiva se organize mais para aumentar este índice. No frigorífico, fica certificado que os animais estão livres de zoonoses. Além disso, os cortes da carne também são mais definidos, bem embalados, o que aumenta o valor comercial - explica Schwab.
Apesar de os produtores demonstrarem vontade de modificar a estatística, os impostos são altos e faltam animais no mercado. A desorganização acaba beneficiando os países vizinhos.
O empresário Antônio Waihrich é um exemplo. No frigorífico que possui desde 2001 em Dom Pedrito, na região da Campanha, ele abate somente ovinos. São 500 cabeças por dia. O negócio será ampliado, só que no Uruguai.
Uma planta da empresa deverá operar a partir de outubro na cidade de San José, distante cerca de 80 km de Montevidéu. O novo empreendimento terá capacidade de abater até 2 mil animais por dia.
- Só de PIS/Cofins, a carne ovina paga 9,25% do valor em impostos, enquanto aves e suínos, por exemplo, são isentos. No Uruguai o imposto é menor. Além disso, o país está apto a exportar para Estados Unidos e União Européia. O negócio lá se torna mais rentável que aqui - afirma Waihrich.
Números do Brasil
- 85 mil toneladas de carne ovina são consumidas por ano
- 80 mil toneladas são produzidas no país. O restante é importado do Uruguai
- 6,4 mil toneladas de carne são oriundas de abate em frigoríficos
- 73,6 mil toneladas de carne ovina são abatidas na clandestinidade
Fonte: Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco)
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