Motor responsável pela maior parte do faturamento da Expointer, o setor de máquinas agrícolas tem em 2023 o desafio de bater a própria marca. No ano passado, quando a feira ficou conhecida como a “Expointer dos recordes”, os negócios encaminhados somaram R$ 6,6 bilhões. Apesar da régua alta, a aposta este ano foca na oferta de crédito e nos médios e pequenos para fechar vendas.
O tiro alto começa pelo próprio espaço. A área destinada às máquinas está maior: ganhou acréscimo de 0,18 hectare nesta edição, somando 13,5 hectares do parque Assis Brasil. Quase 150 empresas participam da exposição, que vai até o próximo domingo (3), em Esteio.
— A grande diferença deste ano é que há disponibilidade forte de recursos para o segmento da agricultura familiar. Isso trouxe de volta o pequeno produtor — observa o gestor de marketing e vendas da LS Tractor, Astor Kilpp.
Não à toa, os estandes com modelos compactos de tratores e implementos eram os mais procurados pelos visitantes nesta quinta (31). Parte do interesse vem da disponibilidade de crédito. No anúncio do atual Plano Safra, o governo federal relançou o programa Mais Alimentos, que incentiva a produção e o acesso de máquinas adaptadas à agricultura familiar. Já nesta edição da Expointer, vários modelos de diversas marcas estampavam um selo oficial do programa.
O segmento tem sido o objetivo de muitas fabricantes na feira. Na LS Tractor, empresa sul-coreana que tem como foco os tratores abaixo de 100 cavalos direcionados aos pequenos, os destaques são as linhas de produtos que, apesar do tamanho menor, contemplam a mesma tecnologia embarcada dos maquinários mais robustos.
O trator G40 é um dos exemplos que mais procurados. O veículo agrícola custa em torno de R$ 145 mil. Tem tração 4x4 e desempenha todas as atividades necessárias numa pequena propriedade, como plantar uma pequena área, cultivar e cortar o pasto. Além disso tem a mesma tecnologia de uma guia de grande porte, como transmissão sincronizada para agilidade de marchas e sistema hidráulico para acoplar implementos adequados.
A grande procura pelos modelos semelhantes se reflete em negócios. Kilpp avalia que as prospecções de vendas estão superiores ao ano passado. A marca espera crescimento de 5% a 10% sobre o volume comercializado em 2022.
As boas expectativas estão também nos estandes vizinhos. Principalmente, devido ao crédito pelo liberado no Plano Safra:
— Na última feira tivemos o problema grande da seca no Rio Grande do Sul e tínhamos limitações de linhas de crédito. Inclusive, montamos linhas próprias para tentar atender a demanda. Este ano, as expectativas estão muito boas, com projeção de 10 a 15% no volume de vendas — antecipa Guilherme Leite, coordenador comercial da região Sul na Massey Ferguson.
A marca é mais uma que veio para a exposição com um olhar a especial ao pequeno produtor. Em meio às tradicionais grandes colheitadeiras, as opções menores para contemplar todo tipo de produção dividem o espaço do estante e atraem, igualmente, a curiosidade dos visitantes. A fabricante também exibe equipamentos com o selo do Mais Alimentos.
— É um programa essencial. Com toda tecnologia que existe no mundo, a presença delas nas máquinas é algo que também influencia a permanência no campo — diz Leite, citando modelos de tratores e plantadeiras para lavouras menores e as novas opções da linha Momentum.
Apesar dos programas de fomento e dos preços atrativos, a avalição de quem compra é de que é necessário planejamento para poder atualizar a frota. Passeando pela primeira vez na Expointer, o produtor Selio Gasparetto de Toledo, no Paraná, gostou das novidades que viu. Mas não foi desta vez que pôde comprar.
O agricultor de milho e soja veio para o Rio Grande do Sul numa excursão com outros 20 agricultores paranaenses. Ele conta que precisaria de uma plantadeira nova para a sua propriedade, mas que o investimento vai ter que esperar.
— Os preços melhoraram bastante, mas ainda poderiam baixar. Com o juro tão alto, está fora dos planos por enquanto — comenta Gasparetto.