Os grandes bancos brasileiros querem ver como será a aceitação e o funcionamento do crédito imobiliário corrigido pela inflação antes de oferecer o produto a seus clientes.
A Caixa lançou nesta terça-feira (20) a nova linha de financiamento da casa própria com a promessa de cobrar juros mais baixos que os atualmente praticados no mercado. Isso serviria para atrair o consumidor para um crédito de mais risco, já que a inflação oscila mais que a TR (a taxa que corrige hoje os contratos).
Procurados, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander dizem que avaliam a possibilidade de operar pela nova linha.
Pela nova linha, a Caixa deve cobrar um juro de 2,95% a 4,95% ao ano mais a inflação. Com a previsão de que o IPCA termine o ano a 3,71%, o custo anual do financiamento seria de 6,71% em 2019. Em 2020, com projeção de que a inflação termine em 3,90%, o crédito custaria 6,90%.
A taxa ainda seria menor que os 7,99% atualmente cobrados por Banco do Brasil e Santander, que oferecem as taxas mais baixas para financiamentos com recursos da poupança.
Como a Caixa tem mais de 60% do mercado de financiamento imobiliário, a tendência é que uma redução no custo do crédito pelo banco público seja seguida pelas demais instituições financeiras.
Por enquanto, os demais bancos negam planos de novos cortes nos juros, ainda que haja uma forte competição nesta linha.
Como há menor risco de calote nesta linha na comparação com as demais, os bancos têm expandido as concessões de crédito para a compra da casa própria durante a crise.
O movimento segue a trajetória de queda da taxa Selic, atualmente em 6% ao ano. O mercado financeiro espera que ela possa cair ainda mais, para 5% até o final de 2019. Isso torna o custo do dinheiro menor e permite que as taxas de juros caiam onde há competição.
Em nota, o Itaú Unibanco afirmou que "apoia iniciativas que ajudem a fomentar o mercado de crédito imobiliário". E acrescentou que, em relação às medidas que estão sendo discutidas, estuda condições para avaliar qual caminho trará mais benefícios para os clientes.
O Banco do Brasil diz que monitora os movimentos de mercado, mas que até o momento não há definição sobre o assunto. O Bradesco diz que espera operar a nova linha, mas ainda avalia as condições, assim como o Santander.