Professores de uma escola estadual no bairro Partenon, na Capital, encontraram uma alternativa aos preços salgados dos restaurantes nas redondezas. Há dois meses, pediram à mãe de um dos alunos, famosa pelos salgados vendidos na vizinhança, que começasse a preparar também marmitas. A ideia ficou ao ponto: além de gastarem menos, os funcionários passaram a poupar tempo (e combustível) do deslocamento para o restaurante durante o rápido intervalo de almoço.
— Nos restaurantes do bairro, o almoço sai por mais de R$ 20. E ainda tem o gasto com bebida. Encomendando, pago R$ 15 na marmita e ainda trago um suco de casa — diz a professora dos Anos Iniciais Renata Espíndula.
O diretor também entrou na onda:
— A comida não fica devendo em nada à dos restaurantes e o preço é melhor — diz José Jesus Rodrigues.
Assim como os funcionários da escola, muita gente tem percebido que a conta do almoço pode ser indigesta ao trabalhador. Pesquisa de preços do Instituto de Estudos e Pesquisas Econômicas da UFRGS (IPC-IEPE) mostra que o valor médio do almoço nos restaurantes de Porto Alegre chega a R$ 19,66 — sem contar bebida e sobremesa. Em um ano, o valor subiu 3,31%. Na comparação com os últimos dois anos, o salto é maior: 12,02%. Ou seja, comer fora 22 dias por mês custa R$ 432,52.
— Se levarmos em conta que o salário médio de quem está entrando no mercado hoje é de R$ 1.552,10 (conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego), o gasto com o almoço pode engolir cerca de 30% do salário — alerta Anelise Manganelli, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Procure descontos
Quem ganha vale-refeição e acha que está protegido dos altos gastos não pode baixar a guarda. Um levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), que representa empresas de vale-refeição, mostra que o preço médio do prato feito em estabelecimentos que aceitam os tíquetes chega a R$ 27,36 na Capital. Ou seja, um gasto mensal de R$ 601,22 (considerando 22 dias de trabalho). Pela lei, a empresa pode descontar até 20% do salário do trabalhador para subsidiar os tíquetes. Então, mesmo que ganha vale-refeição acaba pagando do próprio bolso uma parte da conta.
— Comer fora todos os dias sai muito caro. Quem faz intervalo no trabalho pode gastar menos levando marmita, procurando restaurantes que deem descontos nos horários de menor movimento ou organizando almoços coletivos com colegas de trabalho, em que todos dividem os custos — sugere a consultora financeira Camila Bavaresco.
Uma alternativa sugerida por consultores financeiros e nutricionistas é preparar marmitas em casa para levar ao trabalho. A nutricionista e professora da Faculdade Senac de Gastronomia de Porto Alegre Antonia Cunha estima um custo médio de R$ 8 a R$ 10 por uma marmita saborosa e nutritiva, com arroz, feijão, carne e salada.
— Além de ser mais barata, a comida caseira é mais é segura e saudável, pois sabe-se exatamente quais ingredientes e condimentos foram utilizados — explica Antonia.
Economize no intervalo de almoço
- Se a opção for comer fora, procure restaurantes um pouco mais distantes do trabalho para pesquisar preços. Em geral, as pessoas acabam indo ao estabelecimento mais próximo, nem sempre barato.
- Informe-se nas redes sociais e busque indicações de amigos sobre pessoas que vendam marmitas, que podem custar até 1/3 do preço de um almoço em um bufê.
- Os bufês a quilo podem ser uma alternativa mais barata do que os restaurantes à la carte ou rodízio, desde que você saiba como montar o prato.
- Se tiver alguma habilidade na cozinha, prepare você mesmo sua marmita. Sai mais em conta e você tem garantia de procedência dos alimentos.
- Proponha aos colegas de fazer lanches coletivos no intervalo de almoço, em que cada um leve um prato. Pode ser divertido e econômico.
- Procure restaurantes que ofereçam promoções ou descontos para almoço antes das 11h ou após as 14h: há alguns nos shoppings e também no Centro da Capital.
- Informe-se sobre restaurantes na sua vizinhança que tenham programas de fidelidade, como uma refeição gratuita ou desconto algumas vezes por mês para clientes frequentes.
Como fazer marmitas saborosas e baratas
- Faça todas porções da semana de uma só vez, para poupar tempo. Isso pode tomar duas horas do seu sábado, mas evitará bastante trabalho ao longo da semana.
- Elabore pelo menos duas opções de proteínas (frango, carne em tiras ou guisado, por exemplo), duas de acompanhamento (purê de batatas, arroz, massa, batata doce etc) e duas leguminosas (feijão, ervilha ou grão de bico) para montar marmitas diferentes para cada dia da semana.
- Para facilitar a refeição, monte as marmitas com as carnes já cortadas.
- Você também pode preparar legumes ao vapor como acompanhamento e colocar no mesmo recipiente para esquentar tudo junto.
- Prepare em um recipiente separado a salada, que pode levar junto frutas e ser comida fresca enquanto você esquenta o prato principal.
- Tenha um recipiente térmico para levar a marmita ao trabalho, de forma a preservar a qualidade da comida. Se o seu trabalho oferece geladeira, utilize-a assim que chegar ao expediente.
- O custo de montar uma boa marmita fica em torno de R$ 8 a R$ 10, bem mais baixo do que o preço médio do almoço em Porto Alegre, que é de R$ 19,66.
Monte um prato nutritivo e em conta no bufê a quilo
- Saladas são muito nutritivas e costumam ser leves, quando não vêm com maionese ou outros molhos. A dica é preencher um terço do prato com salada.
- Antes de se servir, dê uma olhada no bufê e escolha antecipadamente o que irá servir. Isto reduz a chance de colocar comida demais no prato.
- As melhores carnes costumam estar no final do bufê, enquanto outras guloseimas mais pesadas, como lasanha, macarrão e batata frita, estão logo no início. Não sirva por impulso.
- Evite comprar bebida, pois muitas vezes equivale a quase um terço do valor do bufê. Uma sugestão é comprar em um mercadinho, pelo caminho, água ou refrigerante. Outra sugestão é dividir a bebida maior com outros colegas.