Como quase todo movimento importante na vida financeira, preparar-se para investir requer um planejamento detalhado e conhecimento sobre o próprio orçamento. O que se recomenda como mínimo é que a pessoa direcione 10% do que ganha para poupar e investir e, se possível, guarde mais do que isso.
— As pessoas vão procurar sempre o inverso: pensar onde tem a melhor taxa para investir. Mas isso, inicialmente, pouco importa. Enquanto procuram por meio por cento a mais de rendimento nas suas aplicações, colocando dinheiro em risco, nós, educadores financeiros, ensinamos que dentro de casa tem excesso de dinheiro que poderia ser represado. E a gente acaba deixando de praticar esses ensinamentos — pondera Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira dos Educadores Financeiros.
Enquanto reequilibra as contas, permita-se sonhar. Estabeleça metas e objetivos e trace o caminho para alcançá-los. Pode ser uma viagem nas próximas férias, a compra de um imóvel, o pagamento da faculdade ou a eliminação de dívidas.
— Deve-se estipular as metas para curto (por exemplo, até dois anos), médio (de dois a 10 anos) e longo prazo (acima de 10 anos). Isso nos ajuda a manter o foco e a disciplina — afirma o educador financeiro Leandro Rodrigues.
Com objetivos traçados, você já pode começar a fazer suas economias trabalharem a seu favor. Confira o passo a passo ao lado.
Dicas para guardar por conta própria
Crie uma reserva
Nos cursos que ministra, o consultor e escritor sobre finanças e investimentos Gustavo Cerbasi orienta os alunos a organizar necessidades em três níveis:
— O básico, o primeiro, é o da reserva de emergências. Uma pessoa que tem o orçamento garantido por uma renda assegurada pode ter uma reserva de três meses. Um corretor de imóveis, por exemplo, tem de ter uma reserva mais generosa, de 12 meses do seu gasto mensal..
A reserva garantirá a resiliência e protegerá as aplicações no caso de imprevistos ou boas oportunidades de compra. Sempre que for utilizada, deverá ser recomposta em prestações, como as que se pagaria em um parcelamento.
— Tem de ser um recurso com liquidez (que possa ser sacado a qualquer momento sem taxas), e depende de pesquisa. Hoje, com R$ 1 mil para investir pode-se ter rendimento de mais de 100% do CDI — garante Cerbasi.
Aproveite os extras
Se abrir espaço no orçamento parece difícil, experimente se planejar para investir parte significativa de receitas “extras” como a restituição do Imposto de Renda e o 13º salário.
— Se a pessoa se acostuma e destinar esse dinheiro a dar um ganho nas aplicações, pode ter uma diferença bem significativa. O ideal é que se guarde metade para aplicar — orienta o educador financeiro Adriano Severo.
Pesquise financeiras e negocie
Há uma infinidade de instituições financeiras oferecendo investimentos em renda fixa e variável. Algumas cobram taxas de administração, outras não.
Comece se informando no seu banco, depois pesquise alternativas. Instituições menores tendem a ofertar melhores remunerações, apenas certifique-se de que dão garantias e segurança para seu investimento.
— As instituições costumam oferecer rentabilidade baixa, é questão de negociação para melhorar a oferta — garante Adriano Severo.
Pense na aposentadoria
Depois da reserva de emergência, é preciso pensar no plano mais ambicioso: planejar uma aposentadoria tranquila. Confira mais informações na página ao lado.
Invista de acordo com os objetivos
Resolvidas a reserva de emergência e a previdência, vem a hora dos outros sonhos que você quer buscar. Aqui, não existe receita: vai do seu perfil (faça o teste aqui) e dos tipos de investimento com os quais você se sente mais confortável.
— A aplicação não pode tirar o sono da pessoa, que deve estar convicta de que o investimento trará benefícios a longo prazo — resume Severo.
DICAS PARA COMPOR A CARTEIRA
Adriano Severo dá orientações gerais de acordo com o prazo da aplicação:
Curto prazo: focar mais em Tesouro Selic ou em fundos de investimentos com predominância de renda fixa, pensando na manutenção do patrimônio, pois oferecem mais liquidez e menos risco de desvalorizar o dinheiro.
Médio prazo: mantendo as aplicações de curto prazo, faça uma composição na carteira, diversificando com fundos multimercado, outras aplicações de renda fixa como um CDB próximo de 100% do CDI e alguns títulos públicos.
Longo prazo: cogite investir em fundos de ações, que diversificam as aplicações em papéis e que, por terem administradores especializados, reduzem o risco de se aventurar no mundo da renda variável. Para Severo, só vale investir diretamente em ações com quantias de R$ 50 mil para cima, repartindo o investimento em cinco empresas de ramos diversos para mitigar o risco.
O educador financeiro Leandro Rodrigues pensa diferente e sugere que os interessados nesse mercado estudem e experimentem com ações que podem ser compradas por R$ 10.