A confirmação de foco de gripe aviária em aves silvestres no Rio Grande do Sul reforçou a necessidade de cuidados para evitar que a doença se espalhe. O vírus não infecta humanos com facilidade, mas o aumento de casos em animais selvagens gera alerta. Apesar de ter alta patogenicidade entre as aves, nos humanos, os casos não são expressivos neste momento.
Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, explica que o vírus precisa passar por várias mutações até que chegue aos humanos. No entanto, não se pode ignorar que a possibilidade existe.
— Ainda que a doença esteja distante de humanos, estamos em um momento em que não se pode correr riscos — diz o médico.
Quais os cuidados a serem tomados?
A principal orientação, ao avistar um animal morto ou doente, é não tocar. E avisar as autoridades locais de saúde para os isolamentos e investigações necessários sobre a morte.
Importante destacar que a contaminação pelo vírus não se dá pela alimentação. Ou seja, as pessoas podem continuar consumindo carne de frango, ovos e derivados normalmente.
Quais os sintomas e a gravidade em humanos?
Em caso de infecção, os sintomas clínicos em humanos são parecidos aos de uma gripe normal. Febre, tosse e dor muscular são os mais comuns. O diagnóstico de H5N1 ou de gripe normal se dá por exames.
Conforme o infectologista, ainda não é possível atestar sobre a agressividade da doença nos humanos, já que isso depende das mutações que o vírus pode sofrer.
— Ainda estamos em uma fase em que a doença está passando muito pouco para animais marinhos e menos ainda para humanos. Paradoxalmente, ela não está aumentando tanto, porque achávamos que já teria tempo suficiente para disseminar mais. O risco, por enquanto, é mais potencial do que concreto. Pode acontecer, mas o vírus, para fazer toda essa passagem, tem que ter tido várias mutações — diz Granato.
E o risco de contágio?
O risco de contágio é maior de aves silvestres para as aves comerciais. Quando as espécies selvagens migram, elas passam por lugares de criação e param para comer, beber e descansar. Neste trânsito, se a ave estiver doente, ela pode contaminar outros animais. Por isso a importância de manter os planteis protegidos, como em locais telados.
Existe vacina para a doença?
Entre as boas notícias, o infectologista destaca que há várias iniciativas mundiais de desenvolvimento de vacinas H5N1 para humanos. No Brasil, pesquisas estão sendo realizadas pelo Instituto Butantan, em São Paulo. O primeiro lote está pronto para o início dos testes em laboratório. A vacinação para aves já existe, mas não é consenso no setor, principalmente pelo temor de que a imunização vire uma barreira comercial.