Com ausência de chuvas volumosas desde setembro do ano passado, e com reflexos dos prejuízos da safra anterior pela estiagem, os agricultores de São Francisco de Assis, na Região Central, apostam em uma mudança na previsão do tempo para tentar amenizar as perdas. Em culturas como a de feijão, o prejuízo calculado pela Emater é de 80%, mas há áreas como de soja em que a perda já é dada como certa e de difícil reversão.
Pelo segundo verão consecutivo, GZH percorre parte do território gaúcho mais afetado pela estiagem. O roteiro, que inclui as cidades Passa Sete, Cachoeira do Sul, Santiago e São Francisco de Assis, busca mostrar o impacto da falta de água tanto nas zonas rurais quanto urbanas.
Na propriedade de Mateus Landerdahl Albanio, 25 anos, que fica no limite do município com Manoel Viana, as lavouras de soja estão morrendo por estarem secas.
— Eu achava que, com a tecnologia que nós temos hoje, não colheria menos que 30 (sacas por hectare). No ano passado colhemos 15, daí foi arrebatador. E esse ano pode ser pior se não vier a chuva de fevereiro e março. Se abrir a chuva, podemos fechar em 20, tenho áreas que podem chegar a 30, mas tenho 150 hectares em que já morreu — explica o agricultor.
Albanio detalha que seu custo atual de produção é de 44 sacas por hectare. Se conseguir colher 20, ainda assim sairá no prejuízo.
— O problema é ser dois anos seguidos. Podia ter tido um bom no meio. Dá um desânimo — desabafa.
Entre as autoridades, há uma preocupação com relação à falta de água, que já causou pelo menos cinco mortes de animais, conforme a Emater. Há moradores fazendo deslocamentos imensos para conseguir abastecer os bebedouros do gado, que sofre pelo pasto queimado e não consegue se alimentar.
O problema ainda se estende para consumo humano, com casos de residências da zona rural recebendo água potável de caminhão-pipa desde novembro. Segundo a prefeitura, 296 famílias precisam do auxílio atualmente e a procura segue aumentando.
— Em todas as localidades do interior a gente está abastecendo com caminhão. No ano passado, nesse período, a gente não tinha 200 famílias — compara a Secretária Municipal da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Karine Lanzanova.