Do pequeno ao grande produtor, a expectativa para 2020 é de crescimento puxado pela previsão de safra recorde de grãos e valorização do preço das carnes. A projeção da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor primário varie 7,5% no próximo ano. Um pouco mais cautelosa, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag) também espera um ano positivo, mas com dificuldades no campo do crédito agrícola.
O avanço previsto pela Farsul é em cima de base elevada: 8,64% em 2019, frente a crescimento de 3,14% da economia do Estado. A expectativa positiva vem da projeção de nova produção recorde de grãos: 35,4 milhões de toneladas, variação de 2,1% na comparação com a safra passada.
— A área cultivada com soja continuará avançando, especialmente no sul do Estado — indica Gedeão Pereira, presidente da Farsul.
Além de crescer em médias e grandes propriedades, a soja se tornou também a principal fonte de receita da agricultura familiar no Estado. De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, o grão responde por R$ 1 de cada R$ 5 gerados pelos pequenos produtores gaúchos.
— O avanço é positivo se levarmos em conta a renda e o fato de ocupar pouca mão de obra. O risco é a alta dependência de uma única cultura — pondera Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag.
Depois de anos de baixa na pecuária, pela redução do consumo interno e escândalos da Carne Fraca e da delação da JBS, a proteína animal atingiu novo patamar. Esse novo cenário veio para ficar.
GEDEÃO PEREIRA
Presidente da Farsul
O aumento do preço das carnes no último mês, puxado pela demanda da China, reforça as projeções positivas para o ano que se inicia, na avaliação da Farsul.
— Depois de anos de baixa na pecuária, pela redução do consumo interno e escândalos da Carne Fraca e da delação da JBS, a proteína animal atingiu novo patamar. Esse cenário veio para ficar — prevê Pereira, estimando recuo apenas em meados de março, quando terminar o período de entressafra da pecuária no Brasil.
Ao reconhecer o momento importante vivido pelas carnes e pelos grãos, o presidente da Fetag pondera que a mudança de cenário ocorre em cima da incidência da peste suína africana na Ásia e da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.
— São questões pontuais que podem mudar — considera Silva.
Preocupação com linhas de crédito
As reformas estruturais que vêm sendo feitas e as que estão por vir também devem ajudar o agronegócio a crescer, segundo Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul. O avanço projetado para 2020 é apoiado também, de acordo com o economista, na perspectiva de retomada da economia brasileira, com a criação de empregos, e na continuidade da demanda externa por alimentos.
— Os nossos clientes estão em 190 países, além de termos um mercado interno gigante. Crescemos no ritmo do mundo, principalmente dos emergentes — finalizou Luz.
Se o cenário é positivo para produção e mercado, no campo do crédito agrícola o sinal foi aceso para a agricultura familiar. Com pouco mais de cinco meses de vigência do Plano Safra 2019/2020, os recursos do BNDES para uma faixa de investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) se esgotaram. Apenas bancos que operam com recursos próprios estão conseguindo emprestar dinheiro para os pequenos produtores investirem nessa linha, caso de Banco do Brasil e Sicredi.
— Além de recursos, precisamos de linhas de financiamento com juro menor, que se adequem à nova realidade da taxa básica no país — acrescentou o presidente da Fetag.
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