Ainda que parte significativa da razão para o aumento do preço da carne bovina venha do apetite da China pelo produto, será o consumidor brasileiro que determinará o limite desse avanço. É o que afirmam especialistas, considerando que o mercado doméstico é destino de 80% da produção nacional.
— O teto será definido pela população, até onde estará disposta a pagar. Isso vale também para o valor do boi gordo, que acompanha o movimento — afirma Caio Toledo, consultor de gerenciamento de risco da INTL FCStone.
A opinião é compartilhada pelo professor Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):
— Dependerá do consumidor e do setor de aves e suínos (proteínas substitutas à carne bovina). Os preços se ajustarão, não haverá fôlego para segurar o valor do boi por muito tempo.
Acompanhamento feito no Estado pelo Nespro mostra a elevação de preços no mês de novembro. Subiu 28% no quilo da costela, corte usado em churrasco, e 26,2% na alcatra, mais usada no dia a dia.
Toledo acrescenta que a grande mudança, no país, veio a partir de agosto. Foi quando houve uma “virada” no consumo. Impulsionada pela China, mas também por outros fatores. Houve melhora na demanda interna do produto, algo que não acontecia desde 2016, observa o consultor. E teve restrição de oferta de gado — por conta de seca em outras regiões do país. No Rio Grande do Sul, o período atual é de entressafra.
E se no curto prazo é o consumidor que determinará o teto, no longo a perspectiva é bem diferente.
— No mundo todo, a carne bovina é artigo de luxo. No Brasil, é um item do dia a dia. A tendência é ficar cada vez mais cara — pontua Toledo.
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