O número de agrotóxicos liberados no Brasil em 2019 passou para 382, segundo lista divulgada nesta quinta-feira (3) pelo Ministério da Agricultura, 57 a mais do que na última atualização da relação, em setembro, e com cerca de 46 ingredientes que ainda não haviam aparecido na lista neste ano.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma das responsáveis pelo registro, afirma que está de fato acelerando os processos de liberação, visando esvaziar a fila de agrotóxicos e modernizar os pesticidas.
Em entrevista para a reportagem, o diretor-presidente da Anvisa, William Dib, afirmou que havia um represamento no licenciamento de agrotóxicos que não permitia estudar e retirar alguns deles do mercado, deixando a agricultura sem alternativas.
— Vivíamos num cinismo. Você usa um agrotóxico extremamente perigoso porque o novo que é mais evoluído está na fila há oito anos. Aí eu tiro da fila e vocês gritam. É o seguinte: agora conseguimos encontrar um equilíbrio. Temos os registros em dia e agora vamos estudar os mais críticos e sua retirada — disse Dib.
Reportagem recente da Folha de S.Paulo mostrou que cerca de 30% dos agrotóxicos liberados no Brasil não têm registro ou foram banidos da União Europeia.
Uma parte da explicação para isso, segundo especialistas e o próprio Dib, é a diferença de plantações existentes em cada local. Também entram na equação o clima e o nível de toxicidade permitido em cada país.